quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Uma vingança desigual

Pensei em escrever sobre outros assuntos diversos que perpetuam minha mente, mas não consegui resistir e tive que colocar em palavras os meus ideais sobre aplicativos como o Lulu/Tubby.

Como diria a minha querida avó, vamos começar do começo!

A primeira pergunta que quero fazer, desde que soube dessas "novidades", é: Quem disse para essas pessoas que criaram os aplicativos que elas são originais? Desde que o mundo é mundo, as mulheres fazem reuniões em bares e restaurantes para comentar da vida, incluindo é claro, o papo sobre os homens. Assim como os "machos de plantão" falam das pernas da secretária, da mulher da night ou da irmã gata do amigo. Esses aplicativos não trazem NADA de novo! Logo não vejo porque a euforia sobre o assunto. Mas o assunto não morreu em algumas semanas, como o esperado. Pelo contrário, ele continua perpetuando as redes sociais e os sites de notícia.  Então vamos ao que interessa!

Originalidades à parte, o objetivo desse texto é deixar uma coisa bem clara: O Tubby não é uma vingança masculina do Lulu! Ou então essa balança de igualdade está bem desregulada! 

O Tubby nada mais é que uma visão machista, que sempre classificou as mulheres como objetos sexuais, em forma de aplicativo tecnológico. Diferente do Lulu, que classifica os homens de acordo com vários aspectos, como educação, humor, ambição e primeiro beijo, o Tubby resolveu simplificar e avaliar as mulheres sob um único aspecto: o sexo. Desde quando dizer que um homem é mimado pela mãe é o mesmo de espalhar para todo o Facebook que a mulher, como o aplicativo mesmo promete, #engoletudo.

(Coloquei a foto do filme "E aí...comeu?" porque me passa exatamente essa ideia. Um filme onde os homens sentam no bar para falar de mulheres, claro que sob o olhar sexual, como um Tubby ao vivo no buteco!)

As feministas de plantão devem estar enlouquecidas, e com toda razão! Durante anos, lutaram por igualdade, por uma visão real da mulher e agora recebem em troca um aplicativo que não se importa com nenhum requisito além do sexo. E não estamos falando do sexo engraçadinho, romântico ou divertido, como #aparadinho, #safadonamedidacerta, mas sim do sexo escrachado, com o #curtetapas.

Não sabe como funciona o Lulu: confere esse infográfico do site dos comunicadores!

E a minha defesa não é sem fundamento. De acordo com o texto do Felipe Pacheco (que coloquei no final da matéria): "Existe até uma política do Lulu de, em coisas relacionadas ao sexo, ele fala bem, mas não fala mal. Tanto que #TrêsPernas existe e o #NãoFazNemCócegas já saiu na última revisão porque viram que não tinha a cara do aplicativo." Ou seja, quando o Lulu fala de sexo ele apenas deixa o homem mais orgulhoso do tamanho do seu pênis ou de como ele é bom de cama. Se o Tubby tivesse essa política até acho que algumas mulheres gostariam de saber como são na cama, mas não. O aplicativo masculino classifica o sexo da maneira mais escrachada e possível, dando hashtagas boas e ruins.


Continuo sendo oldschool, do tempo da vovó ou o que seja. Para mim, sexo bom é aquele feito entre quatro paredes, não com todo o seu Facebook. Quem precisa saber o que se passa na hora é apenas você e o seu parceiro(a). Vamos parar com esse vício das redes sociais e deixar pelo menos o sexo fora disso!

Deixo aqui um texto maravilhoso do Felipe Pacheco, publicado no Blogueiras Feministas, que reforça a minha visão. Vale a pena a leitura: http://revistaforum.com.br/blog/2013/12/esse-texto-nao-e-sobre-o-lulu-e-o-tubby/


2 comentários:

  1. Essa polêmica toda já passou, mas tive que comentar porque penso exatamente da mesma forma! Você escreveu tudo o que eu pensei sobre esse assunto.

    São duas as coisas que me incomodam nesses aplicativos: o fato de te colocar sem você querer e o propósito ridículo. Se as pessoas pudessem escolher se querem ou não participar, beleza! Vai lá! Mas é absurdo ser sujeito a avaliações que vão aparecer pra todo mundo contra sua vontade (acho que esse é o maior agravante... sabemos que todos somos "avaliados" diariamente, mas não é público né). Avaliações que podem vir de QUALQUER pessoa! É uma ferramente que pode e com certeza foi utilizada como forma de vingança por alguém! E essas avaliações podem prejudicar relacionamentos atuais ou futuros.

    Acho que o que torna o Tubby pior é que ele foca muito mais no sexo do que o Lulu. Não dá pra dizer quais seriam todas as hashtags do app, mas na divulgação não vi nenhuma hashtag que não estivesse relacionada ao sexo. Nenhuma é uma gracinha leve, um elogio (como tem no lulu falando que é o amor das mães, que é romântico). Ou seja, é só para falar da mulher na cama. Não importa se ela é divertida, inteligente. Fora que se a mulher já é julgada no dia a dia por causa dessas questões que envolvem sexo, imagina tendo um aplicativo onde caras falam anonimamente sobre isso? Quem visse o perfil de uma menina avaliada já ia começar a chamá-la de piriguete pra baixo! Imagina namorar uma menina que tem lá #engoletudo?

    A verdade é que o mundo tá meio perdido. Acho ridícula toda essa exposição da intimidade das pessoas pro mundo todo ver. As pessoas não tem respeito nenhum com quem se relacionam ou já se relacionaram. Cadê intimidade do casal? Mesmo relações casuais merecem essa intimidade preservada.

    Enfim, adorei seu texto! Pena que não vi antes =(

    Beijos!

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  2. Que bom que gostou do texto, Camilla!
    Concordo com você sobre a necessidade das relações serem preservadas! Intimidade é algo fundamental entre um casal e nada que acontece entre ele precisa ser público!

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