sábado, 9 de junho de 2012

Eu queria...

Poucas palavras podem mudar tudo. Queria ouvir o barulho das portas do elevador se abrindo e o leve toque da campainha me fazendo estremecer. Queria ver o seu rosto, olhar nos seus olhos e ver aquele brilho que sempre esteve lá. Aquele olhar de quem ama, de quem não consegue guardar dentro de si um sentimento tão belo e poderoso. Queria que você tivesse deixado o seu orgulho bobo, ou seu medo para trás. E simplesmente viesse a mim.

Não quero palavras, não quero desculpas, quero apenas gestos que ficaram para trás. Quero que você tente se redimir por me deixar sair daquela maneira, sem ao menos olhar nos meus olhos. Como se aquele beijo não tivesse nada mais do que os simples toques dos lábios, era apenas algo que não tinha sentimento. Por um momento tentei buscar seus olhos, ver ou até mesmo entender o que passava na sua mente. Afinal o dia tinha sido tão bom, declarações de amor foram pronunciadas, beijos foram trocados entre nós e agora você era como um estranho.

O silêncio se tornava cada vez mais ensurdecedor. Queria que algo acontecesse para que tivéssemos algum assunto. Mas nada! O silêncio imperava dentro daquele local e eu não conseguia pensar no que foi dito. Porque algo simples para mim pode se tornar isso? Queria correr até a porta, após escutar o som da campainha e ser surpreendida, queria que ao menos uma vez eu fosse tão importante para alguém, ao ponto de deixar de lado o seu sofrimento para entender que eu também estava sofrendo. A culpa de ter estragado o momento perfeito entre nós estava me consumindo e me deixando sem forças para lutar. Quando saí do carro e apertei o botão do elevador, sentia dentro de mim um fio de esperança, como se eu fosse sentir sua mão me segurando, seu cheiro no ar e seu toque no meu rosto. Os minutos não passavam e eu não conseguia olhar para trás não queria acabar com o tolo sonho que eu tinha de você deixar para lá tudo que aconteceu. Não conseguia e não queria ver você dentro do carro sem ao menos se mexer, como se aquela fosse mais uma despedida qualquer. Procurava a chave incessantemente, pois precisava entrar em algum lugar seguro para mim. Não enxergava um palmo a minha frente, pois as lágrimas corriam pelo meu rosto. Finalmente fechei a porta e me apoiei nela como se não aguentasse nem ao menos, o peso do meu corpo.

Caminhei lentamente em direção ao quarto, me arrastando e querendo apenas que aquela noite terminasse. Comecei a pensar em tudo que tinha acontecido e minha cabeça doía como se tivesse saído de uma prova de três horas. Queria voltar ao tempo, deixar aquilo tudo para trás. Engolir as palavras que foram ditas e simplesmente viver o momento. Mas não era mais possível! Eu tinha que me conformar com a dor e com o vazio que eu sentia dentro de mim. Deitei a cabeça no travesseiro e as lágrimas molharam a fronha. Não sabia ao certo se a situação merecia tanto sofrimento, mas algo dentro de mim precisava sair, mesmo sem saber, deixei as lágrimas rolarem pelo meu rosto e embaçarem os meus olhos.

Quando já estava conformada de que a noite seria difícil e demoraria para pegar no sono e para aplacar aqueles sentimentos confusos e misturados, escuto um barulho. Algo pequeno, abafado pelo próprio travesseiro. Uma mensagem, um pedido de desculpas, um ato de amor e, consequentemente, a tranquilidade e a paz substituindo toda aquela dor.