quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Onde estão os famosos direitos humanos ?

Palestina
RJ
Durante meses, vimos nos jornais e na televisão carros pegando fogo e locais públicos sendo bombardeados em países, que para nós, estão sempre em conflito, como os do Oriente Médio por exemplo. Pensávamos que fatos como aqueles eram absurdos e não acreditávamos que, realmente, as pessoas chegavam ao tal ponto de vandalismo e violência.

E agora? Acordamos, ligamos a televisão e vemos que em menos de 12 horas, 14 carros foram incendiados. Arrastões ocorrendo em vários pontos da cidade, tiroteios nos principais túneis e possíveis bombas em praças. Policiais sendo chamados porque nossa cidade está em alerta. E as pessoas falam que aqui não tem guerra. Nós temos sim! Pode não ser como nos outros países, ou em uma escala menor, ou com outro nome, ou até mesmo por outros motivos, como é o caso dos países como Iraque, Palestina e Israel, mas não deixa de ser um tipo de guerra. Onde de um lado estão os bandidos e do outro os policiais, sejam eles especializados e preparados como o Bope ou não. Mas afinal, quem está preparado para situações extremas e emergenciais como essas ?

E no meio disso tudo estamos nós, moradores do estado do Rio de Janeiro."O que está acontecendo com o Rio ?" é a pergunta que está sobrevoando a mente de todos. Como sair de casa ? Será que consigo chegar ao trabalho? Será que consigo voltar dele? Nosso estresse cotidiano foi multiplicado e acrescentado a ele, o medo. Andamos nas ruas atentos com tudo e com todos. Celulares conectados no twitter, no site da globo e de outros jornais, se aglomeram entre os pedestres. Escutamos a radio, paramos em bares para escutar o noticiário e ficamos ligados no que comentam perto de nós. Quanto mais queremos instalar a paz e a tranquilidade nas favelas do Rio, mais violência e problemas surgem. Paradoxal isso ? Mas o pior é que essa situação, é a pura verdade.

E nesse momento eu paro um pouco para pensar. Se antes os bandidos não podiam ser mortos por causa do politicamente correto e dos direitos humanos, e agora, onde estão os nossos direitos humanos ? Pagamos os impostos e nossas contas; respeitamos a lei; temos nossos documentos em ordem; cotamos nossas dividas; acordamos cedo, seja para estudar ou trabalhar; pegamos engarrafamento para voltar para a casa. Somos seres humanos, moradores e cidadãos desse estado. Onde estão os nossos direitos? Direito de circular livremente pela rua, de pegar um ônibus lotado para voltar para casa para descansar, sem a preocupação de o mesmo ser evacuado e explodido, paz para dirigir pela cidade sem ficar a todo momento pensando no pior, em possíveis tiroteios e arrastões, assaltos e bombas.

Cada dia que passa e que chegamos em casa em segurança, acredito que seja necessário agradecermos. Como os ex-alcoólatras, ou ex-viciados que contam cada dia sem álcool e sem drogas como uma vitória, deveríamos ver cada dia como uma oportunidade. Afinal, são nessas horas que damos a real importância as nossas vidas e das pessoas as quais amamos. Por isso, não esqueçam de agradecer e ao saírem de casa, fiquem atentos!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Mais um caso de insensatez...

Ridículo. Essa só pode ser a palavra para resumir o que acho dessa historia toda de proibir Monteiro Lobato nas escolas. Como assim ? Toda criança já leu Monteiro Lobato. Toda criança, mesmo que não tenha lido, já ouviu falar do Sitio do Picapau Amarelo. Queriamos subir em árvores, desvendar mistérios e aventuras com o  Pedrinho e a Narizinho, contar com uma amiga como a Emília e é claro, ter o carinho e a atenção da Dona Benta e da Tia Anastácia. E agora, aquelas pessoas que com certeza, não têm nada melhor para fazer, como se a educação do Brasil não precisasse de mudanças, resolveram proibir Monteiro Lobato?

Preconceito é a desculpa deles. Por favor! Vivemos em um país com a maior mistura de raças. Negros, índios e brancos formam a nossa gente. Qual o problema da Tia Anastácia ser negra? Criança nenhuma tem a malícia que os adultos têm. E se for assim, vamos acabar com todos os livros de escravidão, e de índios mortos, vamos tampar os olhos de nossas crianças para a realidade. Vamos deixar que elas pensem que todos nós nos amamos e somos um povo unido e feliz. E alias, se durante gerações e gerações, crianças cresceram com as histórias de Monteiro Lobato e não foram afetadas, na verdade foram. Afetadas de aventuras, de literatura e de cultura, nada mais, nem pior, que isso. As nossas crianças já não lêem o suficiente e ainda assim querem tirar os livros legais e divertidos das escolas.

Querido Ministro da Educação, seja sensato, e por favor, preocupe-se com coisas realmente importantes: crianças que chegam aos 18 anos sem ler e escrever direito, Enem sendo anulado e roubado e falta de vagas nas escolas. Pense um pouco se vale a pena fazer essa insensatez. Deixe um dos maiores escritores brasileiros, que depois de anos contribuindo para a nossa literatura, só deve estar querendo descansar em paz.

Já basta ler a Veja e descobrir nas listas dos livros mais vendidos a biografia de Justin Bieber. Nunca vi um pré adolescente que não fosse um menino super dotado ou então que tivesse passado por algo traumático mas que possa trazer algum ensinamento, escrevendo uma autobiografia. O que um pirralho de 16 ,ou sei lá quantos anos, tem para acrescentar a nós ? Nada ! 

Ótima ideia querido Ministro, vamos tirar Monteiro Lobato e colocar Justin Bieber. Um adolescente loirinho com cara de europeu educadinho e engomadinho que nada tem a acrescentar as nossas crianças e tirar a Tia Anastácia que mostra o real carinho e amor que alguém que trabalha na sua casa a anos pode ter por você, alguém que te quer bem e que cuida de você como um filho. Muito mais sensato!

Sinceramente, quando eu abro o jornal e leio coisas como essa, só me resta rir. Ia deixar esse assunto passar, mas depois de ler na Veja o mesmo assunto, não aguentei. Precisava escrever um pequeno desabafo com os rumos que a educação do Brasil está tomando. Espero profundamente que nosso ministro coloque a cabeça no travesseiro e pense um pouco sobre essa historia toda e resolva da melhor forma possível, ou seja, arrumando coisas para ocupar o tempo das pessoas que tiveram essa idéia genial ou então tampar os ouvidos a elas.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Diferentes formas de amar...

Durante esse feriado, parei durante 2 horas para ver um filme que eu estava para assistir a algumas semanas. "Tudo pode dar certo", o filme do cineasta Woody Allen, é realmente um filme sensacional ! (Trailer do filme "Tudo pode dar certo"). Depois de Vicky, Christina, Barcelona só poderíamos esperar uma temática cotidiana e natural, porém profunda. Como já diz o nome, o mesmo conta a historia de situações vividas por personagens diversos, que por mais que mudem, podem dar certo no final. Mas algo nesse filme me pareceu saltar do roteiro. Um tema muito abordado por cineastas, roteiristas e diretores famosos, mas que, apenas com a genialidade de Woody Allen, foi possível entende-lo melhor.


O tema? Diferentes formas de amar. 

O personagem principal, Boris, não acreditava no amor e era adepto a uma filosofia: como tudo sempre acaba, muitas vezes não era importante mudar, nem começar nada. Com um discurso direto, realista e sincero, o protagonista mostra o porquê, muitas vezes, nós não devemos confiar e nem mesmo gostar das pessoas, revelando assim, coisas que todos nós temos vontade de falar ou já pensamos nisso alguma vez.

Com o desenrolar do enredo Boris conhece Melodie, uma menina ingênua, imatura e burra porém sonhadora e cuidadosa. Assim os dois encontram, um no outro, uma forma de se entenderem e se completarem. Ele lhe ensinaria algumas coisas importantes, por mais que ela não entenda, e ela o ensinaria a viver melhor e ser um pouco mais paciente com os outros.

Mas Melodie confunde um amor meio amizade, meio cuidado, meio platônico; com um amor sincero, uma paixão. Ela amava a atenção que ele lhe dava por mais que parecesse que não, amava o fato dele precisar dela mas principalmente amava o fato de Boris ser um gênio, saber falar coisas difíceis e nomes que ela nunca saberia o significado. E é nesse momento que as coisas começam a mudar e a temática aparece ainda mais.

A chegada da mãe de Melodie, uma mulher que possuía uma vida americana tipicamente de filme, casada, com uma filha, e católica ao extremo, promete ser a prova viva de como as pessoas podem mudar, apresentando, é claro,  um "q" de evolução. Ao perceber que sua vida estava ruim, seu marido havia lhe traido e sua filha estava desaparecida, Marietta resolve buscar sua filha, porém a encontra casada com Boris. Como não tem onde morar e seu marido estava com sua melhor amiga, ela resolve ficar e ajudar a filha a se separar daquele homem. E é nesse ponto que Woody Allen, coloca algo especial. Na verdade ela será ajudada. Ao conhecer um amigo de Boris, descobre seu talento para a fotografia e ao conhecer um dono de uma galeria, expõe suas obras. Marietta descobre, além de sua alma de artista, a possibilidade de ser feliz novamente, não com um homem, mas com dois. E os três conseguem viver assim um novo, e diferente tipo de amor.

Mas o enredo não acaba por aí. Afinal, o pai de Melodie estava arrependido e queria sua filha e sua mulher de volta. Queria novamente aquela vida modelo. Ao chegar na casa da filha descobre que sua mulher agora era uma artista e estava feliz em um novo relacionamento. Mas o que realmente o deixa chocado é descobrir que fracassou em suas duas relações por não sentir desejo e atração, nem pela sua ex mulher, nem pela amiga dela. Vai então até um bar e, depois de algumas doses, resolve conversar com um homem que estava ali sozinho bebendo. E então novamente nós, o público, ficamos surpresos. A explicação? Ele não sentia atração por pessoas do sexo oposto. Ou seja, um outro tipo de amor.

E para finalizar Melodie descobre o que realmente sentia por Boris e conhece um outro cara pelo qual ela realmente se apaixona.

O final? Mesmo tendo vontade, eu não vou contar. Até porque o importante não é esse e sim o que Woody Allen quis passar: O amor sempre existe. Ele pode aparecer de formas diferentes, pode ser algo irracional, carnal e intenso, como pode ser algo platônico. Seja com pessoas diferentes ou  em momentos diferentes de nossas vidas. E, por mais loucas que possam parecer, essas formas de amar são e sempre serão, em sua essência, algo bom e com as quais todos deveríamos tentar viver.