quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Batom Vermelho

Ela não se encaixava nos padrões e, quem sabe, não queria se encaixar. Sua vida não precisava de dietas especiais, academia 7 vezes por semana, nem muito menos, milhares de roupas com etiquetas famosas! Gostava de se sentir bem e se uma barra de chocolate, uma camiseta da loja da esquina e um dia de musculação por semana a deixavam feliz...Isso bastava!

Culpa?! Essa palavra não cabia no seu dicionário! E se, por alguns segundos, essa palavra aparecesse, era algo como um verbete daqueles que ninguém liga muito.

Às vezes errada, às vezes errante. Ela era feliz vivendo daquela maneira. Falava alto em alguns momentos, chamava atenção. Não se importava em falar um palavrão quando necessário, ou  até mesmo, de tocar em assuntos que eram tabus. Mas não era mal educada! "Não confunda as coisas!", diria ela. Educação em primeiro lugar. Ela era apenas diferente daquelas mulheres de filmes franceses que só usam saia e andam sempre com o cabelo arrumadinho. Fazia as coisas que achava que iriam lhe agradar, mas quando queria e não quando alguém se sentia no direito de opinar!
 

Mas o que tem demais?! Ela não precisava ser uma dama da década de 30 como a sua avó. Se arrumava bem, estava sempre bonita, mas era uma beleza natural, daquelas que só algumas mulheres merecem ter. Usava batom vermelho se o simples ato de se olhar no espelho, com aqueles lábios vivos, a fizesse bem. Mesmo perdida na rua, sem rumo nem hora, andava decidida, com uma pisada firme e calculada. Ela era segura e isso, infelizmente, assustava os outros!
 
 

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Desamor

Já não tem mais sede,
Já não tem mais fogo.
Onde está você, meu amor ?

Naquela dança dos corpos,
No mexe, remexe,
Onde está você, meu amor?

Procuro e te chamo,
Mas só a saudade aparece.
Onde está você, meu amor?




Texto de Juliana Granato


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Liberdade sobre rodas

O som tocava ao fundo, baixo e insignificante, como se quisesse apenas tampar os ruídos que vinham do mundo externo. Eu podia sentir o toque de seus dedos sobre mim. Eram quentes, dóceis e calmos. O sorriso estampava o seu rosto como se naquele momento, mesmo em meio ao caos, ela estivesse feliz de estar em minha companhia. As gotas da chuva desciam levemente pelo vidro e, ao se unirem ao calor que ela exalava, embaçavam a visão. Ela estava feliz como se, naquele momento, a tão esperada liberdade tivesse finalmente chegado. Ela se sentia diferente e eu podia notar que era verdade.

Soltou um grito de alegria ao ouvir que a rádio tocava o seu cantor preferido. Deslizou os dedos por mim até alcançar o pequeno aparelho e aumentar o volume. Naquele instante, o barulho do motor e as gotas caindo se mesclavam com o som da sua voz, que cantava, mesmo que desafinada, o refrão de uma antiga e clássica música.

Aquela menina que, há três anos atrás, chegava até aqui e apenas ficava quieta e pensativa, hoje parecia ter o controle sobre mim. Ela fazia o que queria sobre todo o meu ser. E eu deixava, como um bobo apaixonado por ver como ela amadureceu.

Era perceptível  pelo seu olhar que ela estava feliz por ter conseguido a tão sonhada liberdade de escolher os seus caminhos, seus destinos e seus horários. E eu ficava feliz de acompanhá-la em todos esses grandes passos, ou quem sabe, aceleradas.


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Matheus, me desculpa.

Era um dia de semana qualquer e chovia quando eu andava pela rua à noite. Nós não nos falávamos há uma semana, depois da briga em uma madrugada. Meu destino final era uma casa próxima a sua e não sei por qual motivo eu sentia que aquela não era uma boa hora para passar ao lado da sua casa. Evitei ao máximo até que não tive opção. Por um caminho muito estreito, passei em frente a sua portaria, e sim, você estava lá. Como se tivesse acabado de entrar, correndo da chuva e implorando para o porteiro abrir a porta.

Eu, como uma adolescente, gelei por dentro e ao mesmo tempo em que queria gritar seu nome para todos ouvirem, queria sair correndo para que você não me visse. Aquele momento parecia uma eternidade. As coisas ao redor sumiram e na minha mente éramos só nós dois. Até que “Matheus, me desculpa?!” .

Você não ouviu. Falei baixo demais. Nossos tons não estavam em sintonia. Você queria seguir e eu ficar. E desde aquele dia não te vi mais.


Texto de Juliana Granato

sábado, 19 de outubro de 2013

DC: Gravidade

Um filme de tirar o folego! Essa seria a frase pra resumir o novo longa de Alfonso Cuarón, em cartaz nos cinemas. E como uma amiga, deixo avisado: os ansiosos e medrosos podem ter alguns efeitos colaterais.

Com uma temática diferente das "hollywoodianas", o filme traz a maravilhosa Sandra Bullock e o charmoso George Clooney em uma missão no espaço. Mas deixando a história de lado, o filme merece elogios pelos efeitos especiais e a sensibilidade com que é feito.

As primeiras cenas já são de tirar o fôlego! Não pela quantidade de ação, mas pela falta dela. Com um som baixo e abafado, "Gravidade" passa a sensação, talvez quase verdadeira, de se estar fora do planeta Terra. O silêncio nas horas certas, junto com as explosões para criar um suspense, levam o filme para o topo das criticas positivas.

Vamos voltar para a história... Matt Kowalski é um astronauta experiente que está em missão de conserto de um telescópio juntamente com a dr Ryan Stone. Quando tudo parece tranquilo, feliz e quieto, os dois são surpreendidos por uma chuva de destroços decorrente da destruição de um satélite por um míssil russo. Ao serem atingidos, ela é jogada no espaço. Sem qualquer apoio da base terrestre da NASA, eles precisam encontrar um meio de sobreviver naquele ambiente completamente inóspito... E o pior? Cada minuto sem ir para um local seguro só aumenta a possibilidade de outra chuva de destroços e diminui seu nível de oxigênio.

Não fique assustado se você se pegar respirando pesado ou em uma espécie de apneia. O filme consegue causar a mesma angustia que temos ao ver alguém se afogando. Ou pelo menos eu tenho! Mas com certeza, o filme vale uma conferida!

Deixo aqui o trailer para quem ficou curioso e precisa de uma forcinha extra:



quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Protagonistas da vida

Hoje, a maior diva do teatro brasileiro, Fernanda Montenegro, completa 84 anos. Ela poderia, como inúmeras outras vovós ou pessoas da terceira idade, se aposentar e gastar o seu dinheiro em viagens, aulas de dança, vários livros ou o que seja. Mas não! Ela está tendo a coragem de encarar a vida de frente e da melhor maneira possível. Ao falar isso, me veio a cabeça uma típica conversa entre duas pessoas: Fernanda e a Vida. Duas senhoras de idade, mas cheias de disposição.

Vida: Bom... Fernanda, você já trabalhou muito, não acha que está na hora de se aposentar e tal?
Fernanda: Não sei Vida, não gosto da ideia de ficar parada.
Vida: Então o que você pretende fazer?
Fernanda: Você foi muito generosa comigo, afinal tenho uma boa saúde e continuo linda e cheia de classe, mas ainda não é hora de parar. Quero viver mais! Será que posso?

Brincadeiras à parte. Fernanda Montenegro, mesmo sem saber da minha existência, conseguiu abrir meus olhos para algo lógico. Muitas vezes, sentimos os dias e vemos a vida passar por nós. Como se nós corrêssemos para pegar o metro, mas no meio do caminho, ficássemos cansados e víssemos apenas o vulto do que seria o trem deixando a plataforma. Ao invés de olharmos a vida passageira, por que não nos tornamos protagonistas dela?  A vida não é para passar e sim para viver. 

Sim, isso é lindo no plano dos pensamentos, mas o dia a dia é bem corrido e todos nós sabemos disso. Mas, por mais cansativo que seja, chegar ao final do dia se sentindo útil, vitorioso e ativo faz um enorme bem pro corpo, pra alma e pra mente. Vide Fernanda Montenegro!


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Jornalismo Investigativo

Palestras, workshops e muitos debates sobre jornalismo investigativo no mundo tomam conta do Rio de Janeiro durante quatro dias. Isso porque desde sábado, está acontecendo o Conferência Global de Jornalismo Investigativo.

Venho aqui compartilhar com vocês alguns links dos textos que fiz! Boa leitura e divirtam-se!




Texto de Juliana Granato

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

No limite

Ela estava cansada. Não de algo especifico, ou de alguém.
Não era estresse, impaciência ou tpm. Era apenas cansaço!
Ela estava cansada de tudo.

Cansada de ter responsabilidades e problemas todo instante...
De não ter calma, de ter que se preocupar com o horário, de fazer bem o seu trabalho e de ser simpática com todos mesmo de mau humor!

Cansada de acordar cedo e só pisar sobre o chão frio da sua cozinha tarde do dia...
De não ter mais tanto tempo para ela, de sentir a cabeça doer como se a qualquer momento fosse explodir, de não dormir bem a noite!

Ela estava cansada de querer mudar as coisas, mas não ter força para tentar.
Não era frescura, bobeira ou dengo!
Ela estava cansada não de ser ela, estava cansada de ser adulta.

Cansaço, cansaço e cansaço...


segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Sobre a greve dos professores

A prova do concurso para professores no município do Rio é divida em 3 ou 4 etapas, sendo a última de voz. Se o profissional não está com as cordas vocais em boas condições, deve fazer mil sessões com a fonoaudióloga até conseguir, ou não, 'ajeitar' as cordas vocais. Pois bem, depois de tanto esforço passa e começa a trabalhar em colégios onde os alunos são largados, sem educação.

O profissional faz graduação, pós, mestrado ou doutorado e o salário será o mesmo.. baixíssimo! Quer dizer, tanto esforço para toda esta falta de reconhecimento?!


Texto de Juliana Granato

sábado, 5 de outubro de 2013

DC: Um Sonho para Dois

Que atire a primeira pedra quem nunca exagerou em uma festa e acordou no dia seguinte sem lembrar de nada? Mas acordar em uma cama de motel, com um homem desconhecido ao seu lado e algemada a ele, já é outra história.

O Dica Cultural desta semana volta a falar de teatro. A peça que traz essa atraente história é “Um Sonho para Dois”, com Maria Ribeiro e o português Ricardo Pereira. Ela, filha de um milionário libanês, dono de inúmeras empresas no país e ele um jornalista em ascensão. Edu e Cléo acordam juntos na mesma cama, após uma noite tumultuada. Sem se lembrar de como isso aconteceu, os dois tentam com muito humor, desvendar o mistério que envolve aquele momento. Com atuações precisas, rápidas e bem humoradas, Maria Ribeiro consegue, apesar de dividir o palco com Ricardo, chamar atenção. Ele, por sua vez, consegue passar veracidade e mostra que a química entre o casal é clara.

Mas nada é tão ruim que não possa piorar! Os dois, após inúmeras conversas e trocas de elogios e farpas, tentam se conhecer melhor e relembrar exatamente o que pode ter acontecido. No meio do espetáculo o que parecia só mais uma história romântica passa a ter um clima de suspense e humor quando os dois encontram um homem no armário, um telefone sem linha no chão e um pacote de dólares no banheiro. O final, mas surpreendente de todos! (Não vou contar, afinal é uma dica e não um spoiler)

Depois de ser apresentado em Portugal, o espetáculo chega ao Teatro Leblon, no Rio. Vale a pena a conferida!

Pontuação : *** (3 estrelas)

Confira abaixo o serviço para você que ficou curioso:

Teatro do Leblon
Quinta a sábado, às 21h30 e domingo, às 20h
+ 12 anos
Em cartaz até 27 de novembro.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Uma manhã nublada de domingo

À frente, nada além de um liso e negro caminho a percorrer. Sua respiração ficava cada vez mais ofegante e seu corpo pedia descanso a todo custo. Mas ela não ia parar. Sua perna começou a fraquejar e ela pensava apenas que faltava pouco e agora ia até o fim. Afinal, tinha esperado muito por aquele momento e não ia abandonar. 

O suor começou a se misturar com a água da chuva. Para trás ficavam todos os problemas, preocupações e a cada km, algo invadia sua mente. Aquele era um momento só dela, algo que há muitos meses, não possuía. Por mais que o seu físico pedisse descanso, a sua mente não parava um minuto. Corria como se todo o seu corpo fosse desmoronar a qualquer momento. Seus passos iam ficando mais largos e sua respiração mais difícil. A música gritava em seus ouvidos e era como se aquela canção se solidarizasse com o seu momento. 

Não olhava para o lado, nem um milímetro ia tirar o seu foco. A sua saliva já estava sumindo e a água da chuva percorria seus lábios e lhe trazia uma leve sensação de felicidade. A corrida nunca pareceu algo tão agradável.