domingo, 11 de setembro de 2011

10 anos se passaram...

A previsão do tempo para aquela manhã era positiva, sol e nenhuma possibilidade de chuva . O céu estava azul com algumas nuvens, como de costume nessa época do ano. Ela colocou a roupa e pegou o crachá, hoje seria um dia como todos os outros. Trabalhava na mesma empresa desde quando se formou, mas não via isso de uma maneira ruim, gostava do que fazia e do local onde trabalhava.

Saiu de casa e foi andando já que, com o transito normal não ia chegar a tempo. Caminhava e falava ao telefone ao mesmo tempo, sem prestar muita atenção ao que estava a sua volta. Nessa cidade grande, isso é mais do que normal, parar para apreciar a paisagem é impossível com a correria do dia-a-dia. 

Quando estava na esquina esperando o sinal abrir, escutou um barulho. Não um barulho qualquer. Era algo alarmante, alto, mas ao mesmo tempo, abafado. A única reação que ela pode ter foi se encolher por uns minutos e então vieram os gritos. Levantou a cabeça e vi ao seu lado rostos que expressavam desespero, gritos de susto e de horror. Estava com medo de olhar para onde milhões de dedos apontavam. E quando finalmente olhou para o alto viu a cena mais inesperada e absurda de toda a sua vida. Um avião tinha entrado em uma das torres do World Trade center. E agora o único que podiam ver eram labaredas de fogo. 

Ficou em estado de choque, não conseguia raciocinar, os gritos, misturados com aquela visão deixaram ela paralisada. Sirenes. Esse foi o barulho que lhe acordou do seu estado atordoado. Bombeiros, policiais, ambulâncias estavam chegando de todas as partes. Logo depois, vieram os repórteres, carros e mais carros com fios, câmeras, microfones e pessoas confusas buscando informações. Os policias só respondiam que não era o momento, que as pessoas precisavam se afastar, que ninguém sabia direito o que estava acontecendo, e nem mesmo, o que podia acontecer. Aquele majestoso prédio, que sempre pareceu tão imponente, estava agora sendo destruído. Não sabíam nem mesmo, se os pilares iam aguentar.

Alguns minutos depois, veio o outro problema. Um avião voava baixo demais e seu alvo era a outra torre. Olhou rapidamente para a entrada do prédios, se ela não tivesse se atrasado estaria ali, ou talvez dentro do elevador. Não podia acreditar em tudo que estava acontecendo. E então viu uma cena ainda pior que a anterior. Um corpo caindo do alto da torre em direção ao chão. Fechou os olhos pois não aguentava aquilo tudo. Podia ser alguém do seu andar. Podia ser um dos seus companheiros de trabalho. Não queria imaginar que  aqueles com os quais saia para beber depois de um dia cansativo estavam ali, no meio das chamas, pedindo por socorro. 

Enquanto alguns bombeiros planejavam como entrar, algumas pessoas, cobertas de cinzas, saiam do prédio. Seus rostos demonstravam dor, não apenas física. Elas choravam, pelo susto, pelo medo e pela perda de pessoas queridas. Os bombeiros entravam em grupos, alguns com equipamentos e material de segurança, outros apenas com a coragem e a vontade de ajudar. 

Todos estavam se afastando e indo para lugares abertos, mas ela não conseguia me mover, estava ali, paralisada, com os olhos bem abertos para não perder nem um minuto daquele acontecimento. Mas mesmo querendo ficar, foi obrigada a sair. Não pelos policias, mas sim pelo desfecho daquele ataque. 


As duas torres, em questão de segundos, desabaram. Primeiro a torre norte, e depois a Sul. Em um efeito dominó, cada andar foi sendo achatado e aquela enorme torre se desfez em pouco tempo. O barulho e o susto a  fizeram correr o mais rápido possível, precisava se afastar. Por pouco não ficou no meio de tudo aquilo. Conseguiu se proteger a tempo, uma nuvem de poeria e fumaça acabou a poucos centímetros da onde estava. Se jogou no chão, tentou tampar o  rosto com o casaco e ficou ali, paralisada. Ouvia gritos, gemidos, e barulhos que não conseguia identificar. Um cheiro de queimado entrava pelo seu nariz e ela começou a se sentir sufocada.  Naquele momento, ela apenas rezou. Não só por ela, mas por todos. Rezou para que tudo aquilo fosse um pesadelo, para que todos estivessem bem, na segurança de suas casas e que ela estivesse protegida em sua cama. Enquanto rezava, lagrimas saiam dos seus olhos e ela sentia todo o seu corpo tremer. Medo. Isso foi o que ela sentiu naquele momento. E então um vazio.

Não lembrava direito o que aconteceu depois. Apenas ouviu uma voz abafada se aproximando e duas mãos a sacudiram levemente. "Senhora?". Abriu os olhos calmamente e viu um bombeiro parado, olhando. Não via desespero refletido nele, apenas alivio e um leve brilho de vitoria. Tínham sobrevivido a tudo aquilo. Ele perguntou se ela tinha se ferido. Respondeu que não, tinha se abaixado para se proteger. Ele a levantou cuidadosamente e naquele instante ela pode olhar para o local do atentado. Não restava nada, apenas destroços. Ele a colocou em uma ambulância e a encaminhou a um hospital pois ela tinha inalado muita fumaça e poeira. Chegando lá, foi liberada em pouco tempo. Estava bem e já podia ir para casa. 

Entrou em um táxi e teve outra surpresa. Ouviu no radio que outro avião tinha atingido o pentágono. Mais chamas e mais mortes. "Quando aquilo tudo ia acabar ?" Estava horrorizada, em poucas horas toda a sua vida tinha, literalmente, desmoronado.


10 anos se passaram desde a queda das torres gêmeas. Mesmo com o passar dos anos, isso não vai ser esquecido, nem pelas pessoas envolvidas, nem por aquelas que simplesmente assistiram a tudo, chocadas com o que passava diante de seus olhos. Pelo contrário, o 11 de setembro será relembrado como o dia onde a maior potencia mundial ficou vulnerável, foi abalada por um ataque terrorista e perdeu um dos seus principais símbolos de poder.