sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Um ano se passou...

Depois de um ano de trabalho árduo a única coisa que passava pela sua cabeça era descanso. Férias, paz e sossego. Durante dias e dias, observava as pessoas curtindo a praia, os feriados, as datas comemorativas e ele, nada. Sempre trabalhando e resolvendo tudo para que os outros pudessem curtir. Estava na sua hora de chutar o balde e curtir a vida.Tudo bem, ele sabia que durante esse tempo todo muitas coisas não deram certo, algumas tarefas ficaram pendentes. Mas ele não era de ferro. Sabia que tinha tentado ao máximo e sua consciência estava leve e ele dormiria como um anjo essa noite. Iria passar para o seu substituto tudo que deveria ser feito. O que deve ser resolvido e o que é exagero e pode ser ignorado. O que deve dar para ser feito no tempo estipulado e as alucinações que nem em anos e anos de trabalho poderiam ser feitas, mas como ele sempre dizia, não custa nada tentar. O que deveria ser ouvido e anotado e o que ele poderia simplesmente esquecer.

Foi caminhando até a sala do "Chefe" onde o mesmo lhe aguardava. Ao seu lado estavam 2 outros homens. O da esquerda o seu maior pesadelo, aquele homem que, em um bloco, anotava e somava dias, horas, tarefas até chegar ao balanço final daquele ano. Do lado direito estava o pobre coitado que iria substitui-lo. Era um rapaz jovem cheio de expectativas e esperanças. Ao observá-lo viu refletido nele a época boa que viveu no começo de tudo. Agora olhando para si mesmo via como, em um ano, as rugas tinham chegado a seu rosto e seus joelhos já não eram o mesmo. Ali estava provado como a preocupação e o trabalho deste um ano tinham transformado-o em um velho.

A resposta final de seu "Chefe" já era a esperada. Não se surpreendeu, não começou a reclamar, a pedir e a sofrer. Apenas ouviu as palavras da boca Daquele homem tão sábio e percebeu que a demissão era a melhor opção. Agradeceu por todo aquele ano, pois de uma coisa ele tinha certeza: tinha aprendido muito com Aquele homem sentado ali, na poltrona olhando tudo e todos com serenidade. E prometeu ensinar ao jovem tudo que sabia.

Saiu da sala em direção a sua mesa para recolher as coisas e começar os planos para o seu descanso. Atrás dele, veio caminhando com um sorriso estampado no rosto o novo empregado daquela tão grande e importante fábrica.

"Acho que vou gostar desse trabalho", disse o jovem rapaz.

"Espero que goste, pois ele é seu por um ano",ele respondeu com uma voz calma. "Vou te ensinar tudo que eu sei, preste bastante atenção porque não tenho muito tempo, em menos de 24 horas você precisa estar sentado naquela cadeira atento a tudo e a todos!"

"Ok, entendido!"

Depois de horas e horas de trabalho duro, nome de pedidos, prioridade de escolhas e planos futuros, necessários para aquela empresa, ele se despediu, e foi andando em direção ao elevador. Respirou fundo, voltou apressado e disse suas últimas palavras ao novo funcionário.

"Esse ano que passou foi bom, realmente bom, mas eu espero profundamente que o seu ano seja ainda melhor que o meu! Que ele venha cheio de coisas boas, pessoas generosas e sentimentos verdadeiros! Boa sorte! Te desejo um ótimo ano!"

"Obrigada, tentarei o possível!"

Ele foi até a portaria e fez o que fazia todos os dias, mas dessa vez era diferente, era pela ultima vez. Passou o seu cartão de ponto e viu escrito ali, naquela folha as seguintes palavras: Funcionário 2010, da fábrica de metas, sonhos e realizações

Saiu do prédio, olhou para o céu e pensou: "Que o 2011 consiga fazer esse ano ser ainda melhor!".

domingo, 26 de dezembro de 2010

Heróis

Na infância sonhávamos em ser como os heróis dos filmes e dos desenhos animados. Eles eram homens fortes, corajosos, que salvavam a cidade, que não podia sobreviver sem eles, de terríveis ataques e de mortes indesejadas. Usavam roupas coloridas e diferentes. Estavam sempre prontos e possuíam poderes. Tínhamos, assim, em nossas mentes a admiração e o fascínio por eles.

Essa época ficou para trás e, junto com ela, pensamos que os sonhos e a esperança de um mundo diferente e melhor precisa morrer. Não temos mais tempo para pensar nessas coisas. Porém deveríamos!

O tempo passa, nós envelhecemos e amadurecemos, mas não podemos deixar de mudar a nossa visão do mundo. Os nossos heróis não são mais pessoas com super poderes e que não morrem nunca. Não usam roupas coloridas e capas esvoaçantes. Não necessariamente são fortes, musculosos e terminam com a mocinha indefesa. Mas eles são corajosos, guerreiros e determinados. Buscam até o fim os seus objetivos e, por mais que a cidade possa sobreviver sem eles, ao pensarmos nisso, não conseguimos formular em nossas mentes a possibilidade deles não existirem. Esses são nossos Heróis atuais, pessoas normais que, por algum motivo ou em algum momento de suas vidas, resolveram ser diferente. Resolveram assumir os riscos e as consequências dessa luta, possíveis prisões, chantagens e morte. Resolveram viver  um conceito conhecido na África, chamado "ubuntu", que possui o sentido de que, nós somos humanos somente através da humanidade do outro. 

A vontade de escrever esse texto me veio após ler um livro chamado "O legado de Mandela". E desde a primeira pagina até a ultima linha pude ver nesse homem o herói descrito anteriormente. Um homem que saiu de uma pequena tribo Africana para ser um homem do mundo. Formado em direito, viu que as injustiças não estavam apenas nos casos defendidos e sim ao seu redor. Um país massacrado pelo Apartheid, onde sua raça não tinha direito de falar, nem de pensar, sem ser reprimida. Se envolveu então na luta armada e passou 27 anos preso. Sendo libertado com 72 anos após muita negociação e pressão internacional. Ganhou o premio Nobel em 1993 e foi o primeiro presidente da África do Sul a vencer democraticamente. Quando lemos, mesmo que resumida sua biografia, devemos parar um pouco e perceber como é necessário termos Heróis, termos esperança de um mundo melhor e mais humano. Termos alguém a quem seguir o exemplo e nos orgulhar disso. 

Sei que existem outros Heróis pelo mundo, independente da carreira que seguem, da raça, da nacionalidade, da idade, do sexo, da classe social e da fama. Precisamos esquecer os antigos, aqueles dos quadrinhos e perceber que o mundo precisa e pede por esses novos heróis. E eles sim merecem a nossa admiração e fascínio.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

A Magia deste dia

Dia 24 de dezembro começa com um clima especial. Um clima diferente. De harmonia. As pessoas parecem que, pelo menos nesse dia, esqueceram os problemas banais e cotidianos e colocaram no rosto um sorriso educado e prestativo.

Diferente dos aniversário e datas comemorativas, digamos, menores, o Natal tem algo de diferente. Nunca soube direito o que era, mas com o tempo fui percebendo.

Acordei e logo pensei em desejar um Feliz Natal a todos os amigos e conhecidos e, naquele momento , vi que todos acordaram e pensaram o mesmo. Pararam um pouco para escrever, nem que sejam algumas palavras, nesse dia de dezembro. E o melhor de tudo?!

Pessoas diferentes entre si, que moram em lugares diferentes do mundo, que falam idiomas diferentes, estavam ali, escrevendo recados que não eram diferentes, por mais que podiam parecer, eles eram iguais, desejavam as mesmas coisas, os mesmos votos para um natal feliz e harmonioso. Se o que estava escrito era Feliz Natal, Feliz Navidad, Merry Christmas ou Buon Natale não importava naquele momento. O importante era o porquê de estar escrevendo, para quem estar escrevendo e o que era necessário estar escrevendo.

Penso que é nesse ponto que tudo se completa. A magia do Natal não está em ir, junto com toda a população mundial, ao shopping comprar presentes e em passar o dia cozinhando vários pratos típicos. Claro que isso tudo faz parte da comemoração e dá um certo aspecto único a ela, mas o que realmente importa é chegar no final do dia e sentar na mesa, seja com aquela família enorme cheia de crianças, seja aquela pequena só com vovô e vovó; olhar para todas aquelas pessoas que sempre estiveram do seu lado; perceber os sorrisos distribuídos e os carinhos compartilhados; comer e apreciar aquele momento em união. Isso sim é a verdadeira magia e o real encanto desse dia tão especial, chamado Natal! E por isso ele é diferente de todos os outros dias e comemorações e merece portanto, uma atenção especial. Feliz Natal a todos!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Apenas o vazio

        
As palavras brotam e voam em minha cabeça mas não conseguem se juntar e muito menos formar frases consideradas normais e reconhecíveis. Até anormais e sem sentido estariam valendo. Mas, nada, simplesmente nada!

As idéias passam, e quando paro para analisá-las. Já se foram. Saem com a mesma velocidade e voracidade com que apareceram. E fica apenas a fumaça, sinal de que algo esteve ali, e o que sobrou foi apenas o seu resquício. O mundo precisa parar um pouco para que eu possa entender o que está acontecendo, ou simplesmente continuar como está, mudando constantemente, afinal, algumas situações o melhor é deixar-se estar perdida!

Se.. Se.. Se.. Essas duas simples e, muitas vezes, insignificantes letras, que quando juntas, conseguem confundir minha mente, são as únicas coisas que estão aqui. Porque simplesmente não existe um lugar onde podemos entrar e todos os nossos problemas e preocupações, perguntas e desnecessárias respostas ficassem do lado de fora.  Como pequenos invasores que não podem entrar. Apenas alguns minutos de tranquilidade, de vazio. Uma espécie de... meditação.

Passamos grande parte da nossa vida querendo preenche-la, colocar, acrescentar coisas, tópicos e fatos em nosso dia-a-dia e em nossa vivencia. Acho que estou caminhando contra todos, somente quero um momento para sentar e não pensar em nada. Apenas sentir esse vazio. Esvaziar, tirar e subtrair.

Quero e preciso tirar todos os pensamentos que me atormentam, essas dúvidas que me sugam e todos os sentimentos que me maltratam. Sumir com todos eles, como se eu pudesse colocá-los em uma caixa no fundo do armário ou então explodi-la e ponto final.

Como seria bom ver e vivenciar isso tudo da maneira como quero. Mas, como não é possível, fico apenas assim, do modo como já estou. Cheia de palavras na cabeça, soltas e voláteis, que não se vão e que insistem em continuar aqui, grudadas em mim, pois não possuem vida fora da minha mente. Só resta então a mim mesma colocar um fim em suas vidas úteis, e deixar habitando aqui, somente o que eu quero e o que me fará bem.

Se não é possivel entender o mundo e me recuperar, é possível apenas recuperar o meu mundo e me entender.

sábado, 11 de dezembro de 2010

O companheiro dessa noite

Passei a noite mudando de atividade em atividade. Primeiro o computador, depois a televisão, um filme, um seriado, um livro, uma música, mas nada me deixava feliz. Às vezes esse sentimento pode ser confortante, as vezes, é apenas... inquietante. Os segundos passavam como minutos, os minutos como horas e as horas como a eternidade. Tudo que eu pensava em fazer, minha companhia me alertava e me fazia pensar duas vezes. Afinal, eu não estava completamente sozinha. Não posso dizer que era agradável ter-lo ao meu lado, mas que ele estava lá eu não podia negar. Sempre ali, sempre me fazendo lembrar de sua existência. Por mais que eu pensasse em outras coisas ele estava lá, olhando para mim e me perguntando. "E agora, o que fazemos?" Não sei. Era a única resposta possível para aquele momento. Na minha mente passavam cenas das quais eu queria estar participando e não estava. Pessoas se divertindo, rindo e conversando. E eu ali, sentada olhando o nada, com o olhar distante e o pensamento mas ainda. 

Toda vez que eu pensava em outra coisa, e conseguia me manter, digamos alegre, mesmo que por segundos, ele me olhava e me lembrava o que estava acontecendo. Sinceramente, depois de muito pensar sobre o que fazer, reclamar por não ter outras companhias, imaginar que seria melhor estar fazendo qualquer outra coisa a estar aqui, resolvi dar um basta nisso tudo.

Abri a porta e pedi que ele se retirasse e que por favor não voltasse tão cedo. Só se fosse extremamente necessário. Em épocas de provas e preocupações. E o vi então ir embora, me despedi do companheiro daquela noite, dei adeus ao Tédio. E espero profundamente que ele não volte mais.