sábado, 31 de agosto de 2013

DC: Livros para provar e se deliciar

Jornalista e blogueira. Preciso falar mais? Uma das minhas maiores paixões antes mesmo do chocolate, dos filmes e do teatro, é uma boa leitura. Um livro envolvente, bem escrito e divertido pode preencher perfeitamente um dia ensolarado ou uma noite fria. O cheiro de um livro novo, o cuidado ao mudar as páginas e o frio na barriga de ansiedade com o fim da história podem deixar muita gente feliz. Se você ainda não se deixou contagiar pelo vírus da leitura, a hora é agora. Afinal, o mês de setembro ainda não começou, mas a Bienal do Livro 2013 já! Então para aproveitar, o dica cultural de hoje é sobre livros. Como diria Carlos Drummond de Andrade: "A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas por incrível que pareça, a quase totalidade, não sente esta sede."

Antes que você continue a leitura vamos deixar algumas coisas resolvidas: Se você veio procurando aqueles livros em série, que têm um lançamento a cada mês e que no fundo possuem a mesma trama, tipo Nicholas Sparks, é melhor parar por aqui e partir pra outra dica cultural. Quem sabe um filme, uma peça de teatro....

Agora, se você busca livros diferentes, com personagens fortes, impactantes e divertidos, a nossa conversa pode começar.

Dos livros internacionais recomendo todos os do Carlos Ruiz Zafón. A maneira viciante e as tramas inusitadas dos seus livros me levaram a ser uma de suas maiores fãs. Outra pedida certe é "Tempo entre Costuras", de Maria Dueñas. Uma escritora espanhola, pouco conhecida, mas que em seu primeiro livro, já mostrou para que veio. Sua personagem principal é Sira, uma espanhola simples que ao se apaixonar, viaja para o Marrocos, pouco antes da Segunda Guerra Mundial. Porém o seu sonho romântico acaba quando, de uma hora para outra, é abandonada. Sira então precisa se recuperar e se reinventar. Como uma bela heroína feminista, Sira vai mergulhar em um novo mundo repleto de espiões, impostores e fugitivos.

Dos livros "menininhas", aqueles que possuem histórias de amor, com personagens femininas fofas, confusas, mas decididas, "Simplesmente Irresistível" é uma ótima pedida. Não tem como não se apaixonar e se solidarizar com Georgeanne, uma mulher confusa que após fugir de seu casamento com um velho conhece John Kowalsky, um homem lindo, sexy, rico e quase perfeito.Após uma noite juntos, ela vai embora com o coração partido.Sete anos se passam e os dois se encontram novamente. Mas alpem da surpresa do reencontro, outra novidade aguarda John: ele descobre que aquela noite de amor produziu uma filha, de cuja vida ele quer fazer parte. Uma história e tanto, não?

Abaixo coloquei uma pequena lista dos tops 3 de algumas categorias. Afinal, livro pode ser comparado ao esporte, tem alguns que gostam de algo mais agitado, outros algo mais relax e tem aqueles que só fazem para se divertir.

Livros "Menininha"
1- Simplesmente Irresistível - Rachel Gibson
2- Melancia - Marian Keyes
3- Juntos para Sempre - Walcyr Carrasco (sim, aquele dramaturgo que escreve novela da Rede Globo)

Internacionais:
1-A Sombra do Vento - Carlos Ruiz Zafón
2-O Jogo do Anjo - Carlos Ruiz Zafón
3-O Tempo entre Costuras - Maria Dueñas

Nacionais:
1-O Filho da Mãe - Bernardo Carvalho
2-Diálogos Impossíveis - Luiz Fernando Verissimo
3-Dom Casmurro - Machado de Assis (Porque os textos dele são imortais)

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Em busca de uma igualdade verdadeira

Segunda-feira, dia 26 de agosto foi o Dia da Igualdade Feminina. Uma data importante para aquelas que lutam, e sempre lutaram, por uma vida igualitária entre os gêneros e que, principalmente, defendem a bandeira do feminismo.

Assim como não concordo com inúmeras políticas atuais do governo, ou com algumas doutrinas da igreja, me sinto no direito de não aceitar tudo que é posto em pauta pela luta feminista. Ser contra alguns aspectos e contestá-los faz parte da rotina de uma jornalista. Digo isso, porque ultimamente tenho visto uma padrão se repetir. Algumas mulheres reclamam de seus namorados, maridos, ou quando estão mais revoltadas, reclamam dos homens como um todo, como se eles fossem a pior coisa inventada para nós, só perdendo para a menstruação ou quem sabe para a depilação com cera. Há aquelas que se arriscam a dizer que todos os homens são machistas e nunca entenderão o que as mulheres passaram e ainda passam. Sim, foram anos e anos de luta, queimas de sutiãs, trabalhos diferenciados, salários inferiores e constrangimentos públicos para chegarmos ao patamar, não ideal, no qual estamos. Mas daí, colocar toda a culpa do universo no outro é muito fácil. "Deu problema, culpa do fulano."; "Falou besteira, só podia ser homem."; "Terminou? Homem é tudo igual!".

Não podemos esperar do homem um pensamento mais igualitário, de defesa das diferenças de gênero e de reconhecimento das qualidades femininas quando nós mulheres estamos mais preocupadas em dizer que a culpa pelo fim do relacionamento, dos problemas do mundo, da inflação do dólar, das guerras no Oriente Médio, é dele! Desse modo, assumimos papeis contrários. Viramos "machistas", pois nos colocamos em um patamar superior e inferiorizamos eles, comportamento que aturamos durante séculos! O machismo é ruim quando vem em forma de preconceito do lado de lá, mas o feminismo em excesso também pode ser prejudicial à qualquer relacionamento.

Precisamos olhar mais para nossas falas padronizadas e robóticas e utilizar os anos de luta para perceber que a igualdade não deve ser buscada só na parte boa como o emprego, ou o salário melhor. Igualdade por si só, quer dizer igual em tudo. Isso inclui igualdade nas falhas, na culpa e na coragem de assumir o papel de errada e não de vítima da falha masculina. Mulheres, vamos buscar a igualdade sim, mas vamos buscá-la por inteiro. Vamos ser "feministas" nas vitórias e nas derrotas, porque aí sim, a igualdade será verdadeira.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Viagem de avião

Quando eu era pequena, viajar de avião era o máximo pra mim, havia uma adrenalina envolvida. Achava muito divertido ver o piloto, as aeromoças e principalmente os lanches, que eram bem fartos. E embora não tenha o hábito de viajar, no último final de semana fiz as malas e resolvi passear por ai. 

Embarquei em uma companhia popular de aviação e desde o inicio, minha ilusão foi destruída. O check in deveria ser feito em uma máquina, que o touch era pior do que a crise que a aviação brasileira está sofrendo. Depois de finalmente conseguir digitar meu nome, a máquina me informa que o voo não havia sido encontrado. Então fui para uma fila especial já que meu voo estava quase partindo. Despachei a mala e como estava com fome, fiquei esperando ansiosamente o lanche que é servido. Mas, após 20 minutos de voo a aeromoça informa: "Boa tarde passageiros, em poucos instantes começaremos a vender os lanches. É possível conferir o menu no lugar onde ficam as revistas. Aceitamos todos os tipos de cartões". E neste momento eu percebi que aquela sensação que sentia quando era criança, não passava de uma ilusão que não aconteceria de novo.

Texto de Juliana Granato

sábado, 24 de agosto de 2013

DC: O Boom dos Musicais


Há alguns anos, os grandes musicais só eram vistos na Broadway e quem não tivesse condição de viajar até NY, ficava a ver navios. Ou então, assistia em casa os filmes que foram gerados após o enorme sucesso dos shows. Com o passar do tempo, o teatro brasileiro foi ganhando visibilidade e infraestrutura. Renomados diretores e dramaturgos resolveram comprar os direitos e trazer para o Brasil, principalmente para o eixo Rio-SP, nomes como "O Rei Leão", "Cabaret", "Alô Dolly!", "A Família Addams", "O Mágico de Oz", "Como Vencer na Vida Sem Fazer Força", "Hair", "Mamma Mia", entre inúmeros outros. E o diferencial : nada de atores estrangeiros! O elenco era formado por aquela atriz da novela das 18h que subia aos palcos cantando maravilhosamente músicas em inglês, ou até mesmo reescritas para o nosso idioma. Os musicais foram ganhando um jeitinho brasileiro sem perder o glamour dos shows da Broadway. Orquestra ao vivo, equipe de dançarinos, inúmeras trocas de roupa, cenários grandiosos e atores brasileiros soltando a voz mostram que os musicais vieram para ficar.


Em cartaz no Rio de Janeiro, o espetáculo "Alô, Dolly" tem Marília Pêra e Miguel Falabella no elenco. Com seus 70 anos, que mais parecem 50, a atriz é recebida pelo público com aplausos e até arriscar sair do roteiro para agradecer. Carisma e desenvoltura marcam a atuação de Marília Pêra no papel de Dolly Levi, uma mulher viúva que para viver arruma inúmeras "profissões": casamenteira, aconselheira jurídica e professora de dança, mas que na verdade está de olho em Horácio Vandergelder, vivido por Miguel Falabella. Horácio é um homem rico, meio bronco, que está procurando uma noiva e acaba caindo em diversas situações inusitadas causadas por Dolly. Com uma equipe de dançarinos formada por mais de 20 pessoas, os dois, ao lado de outros atores, levam a história de uma maneira leve e engraçada. Porém, devo advertir: um musical com cara de musical! Ou seja, músicas com grandes agudos, muitos dançarinos com passos típicos (com mãos balançando no ar e tudo mais) e um cenário que muda a cada cena.

Pontuação : *** (3 estrelas)


"A Família Addams", já fora de temporada, arriscou em algo um pouco diferente. Apenas o elenco de atores aparecia no palco, salvo duas ou três cenas em que os bailarinos davam as caras. Com cenários também grandiosos, uma história simples se transformou em um maravilhoso e divertido espetáculo. No elenco, Marisa Orth e Daniel Boaventura (perfeitos em seus papéis) dão vida ao casal Morticia e Gomez Addams que estão preocupados com a vontade de sua filha Wandinha de viver com um menino de família normal. Com direção de um dos maiores nomes dos musicais brasileiros, Claudio Botelho, "A Família Addams" forma um espetáculo completo. Vale a pena esperar a temporada voltar e comprar antecipado os ingressos das primeiras filas.
Pontuação : ***** (5 estrelas)



Mas para aqueles mais nacionalistas que não querem receber o que vem dos EUA e valorizam as produções inteiramente brasileiras, tenho boas notícias! Os dramaturgos e diretores vendo a ótima recepção do público e a capacidade dos atores em encarar grandes espetáculos, resolveram criar "musicais nacionais". Elis Regina e o icônico Tim Maia, tiveram suas vidas interpretadas nos palcos. "Tim Maia -Vale Tudo, o Musical" não deixa de lado nenhum momento marcante da vida do "síndico". Desde sua infância na Tijuca até seu sucesso nas paradas musicais, Tim vai ganhando vida a cada cena. Com uma interpretação nota 1000, Danilo de Moura mostra as melhores, e também as piores, situações vivenciadas pelo ídolo. E digo mais, se você fechar os olhos, chega arrepiar quando o ator canta "Gostava Tanto de Você", "Me Dê Motivos" e "Do Leme ao Pontal".

Pontuação : ***** (5 estrelas)

Infelizmente, alguns dos espetáculos como "Mamma Mia", "Cabaret" e "Família Addams" já estão fora da temporada, mas outros ainda podem ser vistos e apreciados.
Então confira abaixo o serviço para você que ficou ansioso para aproveitar:

*"Alô, Dolly" (RJ)
Teatro João Caetano
Centro
Quinta e sexta, às 20h; sábados, às 17h e 20h30; domingo, às 17h
+12 anos
Em cartaz até 01/09/2013

*"Rain Man" (RJ)
Teatro dos Quatro
Gávea
Quinta a sábado, às 21h e domingo, às 20h
+14 anos
Em cartaz até 01/09/2013

*"O Rei Leão" (SP)
Teatro Renault
Bela Vista
Quartas, quintas e sextas, às 21h; sábados, às 16h30 e 21h; domingos, às 15h30 e 20h.
+Livre

*"Tim Maia – Vale Tudo, o Musical" (SP)
Teatro Procópio Ferreira
Cerqueira César
Sexta, às 21h30; sábado, às 17h e 21h; domingo, às 18h
+14 anos
Em cartaz até 08/09/2013

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Parem o mundo! Eu quero descer!

Uma manhã como outra qualquer. O jornal "O Globo" segue publicando que o dólar vai subir ainda mais. O governo põe em prática uma lei que multa os "porcos" que jogam lixo no chão. Ingressos sendo vendidos para a tão esperada Copa do Mundo. Tudo parecia normal. Até perceber que algumas notícias espalhadas tanto nos jornais, quanto no Facebook tinham uma mesma palavra em comum. Aquela palavrinha que todos têm horror de dizer e que juram, de pés juntos, que não são de maneira alguma. Sabe de qual estou falando? Essa mesma. O preconceito.

Uma sociedade que joga lixo no chão, não consegue controlar a economia e nem mesmo realizar um grande evento sem escândalos de superfaturamento, não pode se dizer desenvolvida. Dilma, por favor, pare de dizer aos sete ventos que estamos crescendo e evoluindo como nação se nem ao menos o povo, que faz essa nação, consegue deixar para trás conceitos tão arcaicos.

Um jogador de futebol, ídolo da torcida do Corinthians postou uma foto, no começo da semana, dando um selinho em um amigo. Não estou falando que ele é gay, mas se for também, qual o problema? Os companheiros de time o aplaudiram, afinal vivemos em um mundo onde existem passeatas gays, onde o casamento entre pessoas do mesmo sexo que se amam é aceito perante a lei, entre outras inúmeras conquistas dos homossexuais. Até então tudo parecia normal e aceito por todos. Ou não. Um grupo de torcedores levantou de seus sofás, digo isso porque pessoas com essa mentalidade não podem ter nada melhor para fazer da vida, e foi até o centro de treinamento com placas contra o ato do jogador. 

Preconceito misturado com machismo!

Não satisfeita em ler essa notícia, resolvi ser um pouco mais masoquista e ver mais babaquices, atrasos e preconceitos em outras matérias. A coreógrafa Deborah Colker diz que vai processar uma companhia aérea brasileira porque um de seus funcionários teria humilhado seu neto de 3 anos. De acordo com a matéria a funcionária disse que não decolaria até que fosse comprovado que a criança não tinha uma doença contagiosa, mesmo depois da mãe explicar que a doença é genética. Não culpo a aeromoça, afinal ela não é obrigada a saber que a doença não é contagiosa. Além disso a mãe deveria andar com algum tipo de atestado, ainda mais em uma viagem. Mas fazer isso na frente de uma criança de 3 anos!

Preconceito misturado com ignorância!

E se isso já é suficientemente constrangedor e até mesmo vergonhoso de se falar, as coisas ficam piores. Uma adolescente sofreu um estupro coletivo. A primeira reação de todos é de susto, misturado com pena e até mesmo com raiva. Certo? Não! Alguns homens tiveram a coragem de, não somente se exporem ao ridículo, mas de ultrapassarem a barreira do humano. Houve comentários como: "Ela estava procurando isso...ninguém mandou frequentar baile funk!" e até mesmo, "Quem sabe ela não toma vergonha na cara e aprende a ocupar o tempo ocioso com alguma coisa que preste...". Tive que reler os comentários umas duas vezes para que minha mente captasse as barbaridades e grosserias ditas ali.

Preconceito misturado com tudo de ruim. Falta de solidariedade, injustiça, ignorância e, principalmente, machismo.

Desde novos sempre fomos educados a diferenciar o certo do errado. Em algumas situações corriqueiras o certo de alguns pode ser o errado de outro e vice-versa. Mas em casos como esses, o errado é errado! Fico desiludida e incrivelmente preocupada com o rumo das coisas. Mulheres são estupradas por serem mulheres. Homens são espancados pela vida sexual que possuem ou desprezados por terem atitudes a favor dos homossexuais. Crianças são humilhadas, mesmo que sejam muito inocentes para saber o significado dessa palavra. Sem contar, é claro, outras inúmeras notícias ruins, tristes e preocupantes. Todo poderoso, me faz um favor?! Para o mundo porque eu quero descer! E para essas pessoas que acham o preconceito algo normal e certo, que se orgulham dos seus pensamentos machistas e mergulham na profunda ignorância, só lhes digo uma coisa: espero que a vida se encarregue de lhes ensinar o que realmente é certo.

domingo, 18 de agosto de 2013

Acaso

Era uma tarde de domingo quando ele acordou, novamente, sem saber como tinha chegado em casa e o que havia acontecido. Rafael levava uma vida como qualquer jovem, sem ser um jovem qualquer. Cada semana uma mulher diferente na cama, cada noite uma mentira aqui, outra ali. Os dias escorregavam pelas mãos e a cada multidão se sentia sozinho.

O tempo passava como um furacão e a vida já não tinha muito sentido. Ele tinha sede de tranquilidade e equilíbrio e embora soubesse que levando este estilo de vida não conseguiria mudar, ele não encontrava outro jeito de viver. Sua carreira profissional estava por um triz, já que era recém formado e a empresa que trabalhava contava os dias para fechar.

Neste mesmo dia, se levantou com uma das maiores ressacas da vida e foi caminhar na praia. Ele costuma ir sempre no mesmo ponto: um lugar tranquilo, quase sem ninguém. Mas naquele domingo ele conheceu aquela que mudou sua vida. De longe avistou uma linda jovem com cabelos cor de mel e olhos verdes lendo um livro. Luiza não notou a presença de Rafael e, poucos minutos depois, foi embora. Durante três semanas ele voltou neste mesmo lugar para procurá-la, mas nunca a encontrava.

Um mês depois de ser demitido conseguiu outro emprego, por indicação de um amigo, e no primeiro dia de trabalho, se deparou com Luiza sentada em um das mesas. Neste momento, ele teve certeza que estava no lugar certo.


Texto de Juliana Granato

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

DC: "Billdog" traz ação e criatividade para os palcos

Para começar o Dica Cultural dessa semana, nada mais válido que apresentar um dos programas que mais amo e que, com certeza, é o menos procurado, quando comparado ao cinema. Talvez pelo preço ou até mesmo pela falta de costume. Mas vale a pena dar uma inovada no final de semana e curtir um teatro. 

Um ator, 38 personagens. Isso mesmo! Você entendeu direito! O ator Gustavo Rodrigues, sob direção de Guilherme Leme e Joe Bone, interpreta todos os personagens da trama de perseguição e suspense da peça teatral "Billdog". No palco, apenas um homem de roupa e capa preta e um músico. Para quem não quer peças filosóficas, que exigem muito raciocínio, "Billdog" é uma boa pedida. Não por ser fraco, longe disso! Mas por apresentar uma história com início, meio e fim completos, sem indagações e perguntas soltas no ar.

O espetáculo leva aos palcos a história de um matador de aluguel que ganha a vida cometendo crimes pelas ruas londrinas e tentando se livrar de um bandido misterioso. Como um bom livro, ou até mesmo um filme, as ações ganham formas e cores de acordo com a imaginação do público presente. E é claro, da sonoplastia criativa do ator. Os sons que são reproduzidos vão desde passos, portas enferrujadas, motores de carros e tiros até vozes e trejeitos de cada um dos personagem. Com uma atmosfera meio cult, meio noir, a peça remete a uma Londres característica dos livros de Sherlock Holmes e algumas falas típicas dos filmes do 007, como "meu nome é Dog, Billdog!"

A montagem também agrada os impacientes, pois com apenas 1 hora de duração, a história é muito bem contada e deixa um gostinho de quero mais. Vale a pena conferir!

Pontuação : **** (4 estrelas)

Confira abaixo o serviço para você que ficou curioso:

Teatro Eva Herz
Centro (metrô da Cinelândia)
Terça e quartas, às 19h30
+ 18 anos
Em cartaz até 28 de agosto.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

A indiferença mora ao lado

Como disse um dos maiores escritores brasileiros, Euclides da Cunha, "O sertanejo é, antes de tudo, um forte." Essa frase não poderia ser mais propícia para começar o texto de hoje. Quando li essa frase, nos tempos de colégio ou de faculdade, a primeira imagem que permeou minha mente foi da seca no nordeste, da pobreza que assola inúmeros brasileiros. Porém, depois desse domingo, me arrisco a dizer, que não só o sertanejo, mas o pobre "é, antes de tudo, um forte". Independente da cor, da idade, do sexo ou do país onde vive, o estado de miséria que paira sobre alguns faz com que eles não vivam, e sim, sobrevivam. 

Escolho falar sobre isso, pois vivenciei algo que me fez pensar, não só nas minhas, mas nas atitudes dos outros também. Afinal, a força de muitos, sertanejos, pobres ou marginalizados, pode demonstrar a nossa própria fraqueza.

Após um ótimo e farto almoço de domingo com a minha família, saímos para a calçada em busca de um táxi para voltarmos para nossas casas. Paramos em uma esquina e conversávamos como se nada acontecesse ao nosso lado, ou como simplesmente fossemos adestrados a não perceber. Próximo a mim estava uma grande lata de lixo, onde os restaurantes jogam os restos das comidas que, segundo eles, não possuem mais utilidade. Em meio ao mau cheiro, vi um homem abaixado, concentrado em diferenciar o que ia levar para casa para jantar e o que realmente teria que deixar para trás. Minha primeira reação foi não olhar, como se, em um passe de mágica, aquilo se tornasse menos impactante. Falo isso com sinceridade, afinal não sou a Madre Teresa de Calcutá nem muito menos quero propor aqui o discurso esquerdista de que poucos têm muito e muitos têm pouco e, por isso, devemos sentir culpa por vivermos bem. Apenas trago um relato. Percebi que a reação que tive é, infelizmente, algo normal. Naquele momento, por segundos, me senti como os cavalos, que crescem adestrados e usam tapas que limitam a visão lateral. 

Não é preciso ser um gênio para saber que existem pessoas que vivem na miséria, na pobreza; que comem coisas do lixo, pedem esmola para viver e passam noites em claro com fome e frio. Acho difícil, em pleno século XXI, alguém dizer que isso é novidade. Entretanto, ver na televisão, ler no jornal e nos livros é extremamente diferente de olhar para o lado e, a menos de 20 metros, ver um homem separar o pão mofado do resto de tomate e frutas que seriam seu jantar. Não senti culpa ao ver aquilo, mas sim uma sensação de incapacidade, misturada com tristeza. Me aproximei devagar como se quisesse mostrar minha presença. Ele então levantou os olhos e vi ali dentro daquele tom castanho, um conformismo. Conformado por ser invisível, por ser esnobado, por ser esquecido. Conformado por sentir frio, fome e sede todo o tempo. Conformado que eu, mais uma menina de classe média, não traria a solução de seus problemas. Olhei durante uns longos segundos para ele e lhe estendi a mão com o pouco de dinheiro que tinha no bolso e um sorriso de canto de boca. Ele olhou para baixo, segurou dentro de si o pouco orgulho que lhe restava e me agradeceu com um aceno de cabeça. Dei um sorriso e me afastei.
 
Sei que não mudei o mundo, nem muito menos garanti algo mais que um pão ou um prato de comida para aquele homem, mas mais valioso que o dinheiro que lhe dei, foi o que ele, sem saber, me mostrou. 
Vivemos em um mundo onde as pessoas são esquecidas. Não falo apenas das crianças que jogam bolinhas nos sinais, dos homens que pedem esmola, dos deficientes que vendem balas ou de outras pessoas que vivem na pobreza, mas também do gari que limpa a calçada, do porteiro do condomínio, da faxineira que limpa os banheiros da sua faculdade... Aproveito o momento para alertar que ninguém pode ser indiferente e invisível. Se você não pode ajudar ou não tem dinheiro e tempo para doar, apenas seja educado, dê um sorriso, um bom dia, e mostre que aquela pessoa merece ser tratada tão bem quanto você, porque só os fortes vivem nesse mundo de egoístas e sobrevivem da melhor maneira possível. Definitivamente, aquele esquecido, excluído e invisível aos outros, esses sim, é, antes de tudo, um forte.




quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Um pouco mais de atenção!

Muitos dizem que o segredo de um bom relacionamento é o amor. Outros se arriscam a dar esta função para um tal de respeito. Há ate quem diga que o ciúmes pode e deve ajudar. É claro que o amor, o respeito, o companheirismo, a química, e outros aspectos mais, são importantes para construir um relacionamento. Mas alguns esquecem uma palavra mágica: atenção. Só gastamos alguns minutos, ou até horas, dos nossos dias se gostamos realmente de alguém. Só ficamos em silêncio e deixamos as nossas questões de lado para ouvir o outro, quando damos a devida atenção. Não só a ele, mas ao próprio relacionamento. Afinal, em um mundo onde todos querem voz, falar e ter atenção, poucos querem ficar no "anonimato", ouvir e, principalmente, dar atenção.

"Feliz aquele que sabe o que quer", já diriam alguns escritores, poetas, amigos e vovós. Mas em um relacionamento, arrisco dizer que mais feliz ainda é aquele que sabe o que o outro quer. Que as feministas se segurem, pois não digo para sermos submissas, ficarmos em relacionamentos ruins e aguentar os problemas só porque o outro quer. Isso não é ter atenção, é ter baixa auto-estima. Também não digo para esquecermos nós mesmos e vivermos para o outro. Isso nunca! Sou, e sempre serei, defensora de uma dose de egoísmo, necessária para ser feliz! Digo apenas para pararmos um pouco de viver em 220 volts para conseguirmos perceber pequenos detalhes do outro, pedidos, sugestões e até reclamações indiretas dentro de frases. Até porque... se você dá alguma atenção ao outro, em um relacionamento normal, de mão dupla, o outro também irá te dar atenção!  Para as mulheres que procuram namorados carinhosos, amorosos e ciumentos, digo apenas: voltem um pouco e procurem namorados atenciosos. Aqueles que em meio a uma frase percebem que seu dia não foi dos melhores e param para lhe perguntar o que houve. Aqueles que percebem que você esta fazendo apenas o que eles querem e mudam o jogo para agradar você. Aqueles que sacam o presente ideal, não porque tem corações, bichinhos de pelúcia ou detalhes fofos, mas porque você voltou semana passada da livraria empolgada com um livro novo que lançou e ele sabe que seus olhos vão brilhar ao ver aquela capa embalada em um papel de presente, ele sim com corações e coisas fofas.

Mulheres, procurem um homem atencioso. E se ainda não encontraram, não se contentem com outros mais ou menos, procurem mais. Homens perfeitos não existem, todos eles tem defeitos, seja o fanatismo pelo futebol, a toalha molhada na cama ou até mesmo o jeito de se comportar em certas situações. Mas os defeitos perdem um pouco a proporção quando você percebe que aquela pessoa está se preocupando com você e reserva horas do dia para agradá-la. Esses são raros, poucos, mas únicos.


Obs: Dedico esse texto ao homem que atualmente vê meus olhos brilharem diante da capa de um livro. Um homem que mesmo com alguns defeitos, como a toalha molhada na cama, gasta o seu tempo para me fazer feliz. Dedico esse texto aos 2 anos e 6 meses ao lado do homem atencioso que eu chamo de namorado.