sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Um ano se passou...

Depois de um ano de trabalho árduo a única coisa que passava pela sua cabeça era descanso. Férias, paz e sossego. Durante dias e dias, observava as pessoas curtindo a praia, os feriados, as datas comemorativas e ele, nada. Sempre trabalhando e resolvendo tudo para que os outros pudessem curtir. Estava na sua hora de chutar o balde e curtir a vida.Tudo bem, ele sabia que durante esse tempo todo muitas coisas não deram certo, algumas tarefas ficaram pendentes. Mas ele não era de ferro. Sabia que tinha tentado ao máximo e sua consciência estava leve e ele dormiria como um anjo essa noite. Iria passar para o seu substituto tudo que deveria ser feito. O que deve ser resolvido e o que é exagero e pode ser ignorado. O que deve dar para ser feito no tempo estipulado e as alucinações que nem em anos e anos de trabalho poderiam ser feitas, mas como ele sempre dizia, não custa nada tentar. O que deveria ser ouvido e anotado e o que ele poderia simplesmente esquecer.

Foi caminhando até a sala do "Chefe" onde o mesmo lhe aguardava. Ao seu lado estavam 2 outros homens. O da esquerda o seu maior pesadelo, aquele homem que, em um bloco, anotava e somava dias, horas, tarefas até chegar ao balanço final daquele ano. Do lado direito estava o pobre coitado que iria substitui-lo. Era um rapaz jovem cheio de expectativas e esperanças. Ao observá-lo viu refletido nele a época boa que viveu no começo de tudo. Agora olhando para si mesmo via como, em um ano, as rugas tinham chegado a seu rosto e seus joelhos já não eram o mesmo. Ali estava provado como a preocupação e o trabalho deste um ano tinham transformado-o em um velho.

A resposta final de seu "Chefe" já era a esperada. Não se surpreendeu, não começou a reclamar, a pedir e a sofrer. Apenas ouviu as palavras da boca Daquele homem tão sábio e percebeu que a demissão era a melhor opção. Agradeceu por todo aquele ano, pois de uma coisa ele tinha certeza: tinha aprendido muito com Aquele homem sentado ali, na poltrona olhando tudo e todos com serenidade. E prometeu ensinar ao jovem tudo que sabia.

Saiu da sala em direção a sua mesa para recolher as coisas e começar os planos para o seu descanso. Atrás dele, veio caminhando com um sorriso estampado no rosto o novo empregado daquela tão grande e importante fábrica.

"Acho que vou gostar desse trabalho", disse o jovem rapaz.

"Espero que goste, pois ele é seu por um ano",ele respondeu com uma voz calma. "Vou te ensinar tudo que eu sei, preste bastante atenção porque não tenho muito tempo, em menos de 24 horas você precisa estar sentado naquela cadeira atento a tudo e a todos!"

"Ok, entendido!"

Depois de horas e horas de trabalho duro, nome de pedidos, prioridade de escolhas e planos futuros, necessários para aquela empresa, ele se despediu, e foi andando em direção ao elevador. Respirou fundo, voltou apressado e disse suas últimas palavras ao novo funcionário.

"Esse ano que passou foi bom, realmente bom, mas eu espero profundamente que o seu ano seja ainda melhor que o meu! Que ele venha cheio de coisas boas, pessoas generosas e sentimentos verdadeiros! Boa sorte! Te desejo um ótimo ano!"

"Obrigada, tentarei o possível!"

Ele foi até a portaria e fez o que fazia todos os dias, mas dessa vez era diferente, era pela ultima vez. Passou o seu cartão de ponto e viu escrito ali, naquela folha as seguintes palavras: Funcionário 2010, da fábrica de metas, sonhos e realizações

Saiu do prédio, olhou para o céu e pensou: "Que o 2011 consiga fazer esse ano ser ainda melhor!".

domingo, 26 de dezembro de 2010

Heróis

Na infância sonhávamos em ser como os heróis dos filmes e dos desenhos animados. Eles eram homens fortes, corajosos, que salvavam a cidade, que não podia sobreviver sem eles, de terríveis ataques e de mortes indesejadas. Usavam roupas coloridas e diferentes. Estavam sempre prontos e possuíam poderes. Tínhamos, assim, em nossas mentes a admiração e o fascínio por eles.

Essa época ficou para trás e, junto com ela, pensamos que os sonhos e a esperança de um mundo diferente e melhor precisa morrer. Não temos mais tempo para pensar nessas coisas. Porém deveríamos!

O tempo passa, nós envelhecemos e amadurecemos, mas não podemos deixar de mudar a nossa visão do mundo. Os nossos heróis não são mais pessoas com super poderes e que não morrem nunca. Não usam roupas coloridas e capas esvoaçantes. Não necessariamente são fortes, musculosos e terminam com a mocinha indefesa. Mas eles são corajosos, guerreiros e determinados. Buscam até o fim os seus objetivos e, por mais que a cidade possa sobreviver sem eles, ao pensarmos nisso, não conseguimos formular em nossas mentes a possibilidade deles não existirem. Esses são nossos Heróis atuais, pessoas normais que, por algum motivo ou em algum momento de suas vidas, resolveram ser diferente. Resolveram assumir os riscos e as consequências dessa luta, possíveis prisões, chantagens e morte. Resolveram viver  um conceito conhecido na África, chamado "ubuntu", que possui o sentido de que, nós somos humanos somente através da humanidade do outro. 

A vontade de escrever esse texto me veio após ler um livro chamado "O legado de Mandela". E desde a primeira pagina até a ultima linha pude ver nesse homem o herói descrito anteriormente. Um homem que saiu de uma pequena tribo Africana para ser um homem do mundo. Formado em direito, viu que as injustiças não estavam apenas nos casos defendidos e sim ao seu redor. Um país massacrado pelo Apartheid, onde sua raça não tinha direito de falar, nem de pensar, sem ser reprimida. Se envolveu então na luta armada e passou 27 anos preso. Sendo libertado com 72 anos após muita negociação e pressão internacional. Ganhou o premio Nobel em 1993 e foi o primeiro presidente da África do Sul a vencer democraticamente. Quando lemos, mesmo que resumida sua biografia, devemos parar um pouco e perceber como é necessário termos Heróis, termos esperança de um mundo melhor e mais humano. Termos alguém a quem seguir o exemplo e nos orgulhar disso. 

Sei que existem outros Heróis pelo mundo, independente da carreira que seguem, da raça, da nacionalidade, da idade, do sexo, da classe social e da fama. Precisamos esquecer os antigos, aqueles dos quadrinhos e perceber que o mundo precisa e pede por esses novos heróis. E eles sim merecem a nossa admiração e fascínio.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

A Magia deste dia

Dia 24 de dezembro começa com um clima especial. Um clima diferente. De harmonia. As pessoas parecem que, pelo menos nesse dia, esqueceram os problemas banais e cotidianos e colocaram no rosto um sorriso educado e prestativo.

Diferente dos aniversário e datas comemorativas, digamos, menores, o Natal tem algo de diferente. Nunca soube direito o que era, mas com o tempo fui percebendo.

Acordei e logo pensei em desejar um Feliz Natal a todos os amigos e conhecidos e, naquele momento , vi que todos acordaram e pensaram o mesmo. Pararam um pouco para escrever, nem que sejam algumas palavras, nesse dia de dezembro. E o melhor de tudo?!

Pessoas diferentes entre si, que moram em lugares diferentes do mundo, que falam idiomas diferentes, estavam ali, escrevendo recados que não eram diferentes, por mais que podiam parecer, eles eram iguais, desejavam as mesmas coisas, os mesmos votos para um natal feliz e harmonioso. Se o que estava escrito era Feliz Natal, Feliz Navidad, Merry Christmas ou Buon Natale não importava naquele momento. O importante era o porquê de estar escrevendo, para quem estar escrevendo e o que era necessário estar escrevendo.

Penso que é nesse ponto que tudo se completa. A magia do Natal não está em ir, junto com toda a população mundial, ao shopping comprar presentes e em passar o dia cozinhando vários pratos típicos. Claro que isso tudo faz parte da comemoração e dá um certo aspecto único a ela, mas o que realmente importa é chegar no final do dia e sentar na mesa, seja com aquela família enorme cheia de crianças, seja aquela pequena só com vovô e vovó; olhar para todas aquelas pessoas que sempre estiveram do seu lado; perceber os sorrisos distribuídos e os carinhos compartilhados; comer e apreciar aquele momento em união. Isso sim é a verdadeira magia e o real encanto desse dia tão especial, chamado Natal! E por isso ele é diferente de todos os outros dias e comemorações e merece portanto, uma atenção especial. Feliz Natal a todos!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Apenas o vazio

        
As palavras brotam e voam em minha cabeça mas não conseguem se juntar e muito menos formar frases consideradas normais e reconhecíveis. Até anormais e sem sentido estariam valendo. Mas, nada, simplesmente nada!

As idéias passam, e quando paro para analisá-las. Já se foram. Saem com a mesma velocidade e voracidade com que apareceram. E fica apenas a fumaça, sinal de que algo esteve ali, e o que sobrou foi apenas o seu resquício. O mundo precisa parar um pouco para que eu possa entender o que está acontecendo, ou simplesmente continuar como está, mudando constantemente, afinal, algumas situações o melhor é deixar-se estar perdida!

Se.. Se.. Se.. Essas duas simples e, muitas vezes, insignificantes letras, que quando juntas, conseguem confundir minha mente, são as únicas coisas que estão aqui. Porque simplesmente não existe um lugar onde podemos entrar e todos os nossos problemas e preocupações, perguntas e desnecessárias respostas ficassem do lado de fora.  Como pequenos invasores que não podem entrar. Apenas alguns minutos de tranquilidade, de vazio. Uma espécie de... meditação.

Passamos grande parte da nossa vida querendo preenche-la, colocar, acrescentar coisas, tópicos e fatos em nosso dia-a-dia e em nossa vivencia. Acho que estou caminhando contra todos, somente quero um momento para sentar e não pensar em nada. Apenas sentir esse vazio. Esvaziar, tirar e subtrair.

Quero e preciso tirar todos os pensamentos que me atormentam, essas dúvidas que me sugam e todos os sentimentos que me maltratam. Sumir com todos eles, como se eu pudesse colocá-los em uma caixa no fundo do armário ou então explodi-la e ponto final.

Como seria bom ver e vivenciar isso tudo da maneira como quero. Mas, como não é possível, fico apenas assim, do modo como já estou. Cheia de palavras na cabeça, soltas e voláteis, que não se vão e que insistem em continuar aqui, grudadas em mim, pois não possuem vida fora da minha mente. Só resta então a mim mesma colocar um fim em suas vidas úteis, e deixar habitando aqui, somente o que eu quero e o que me fará bem.

Se não é possivel entender o mundo e me recuperar, é possível apenas recuperar o meu mundo e me entender.

sábado, 11 de dezembro de 2010

O companheiro dessa noite

Passei a noite mudando de atividade em atividade. Primeiro o computador, depois a televisão, um filme, um seriado, um livro, uma música, mas nada me deixava feliz. Às vezes esse sentimento pode ser confortante, as vezes, é apenas... inquietante. Os segundos passavam como minutos, os minutos como horas e as horas como a eternidade. Tudo que eu pensava em fazer, minha companhia me alertava e me fazia pensar duas vezes. Afinal, eu não estava completamente sozinha. Não posso dizer que era agradável ter-lo ao meu lado, mas que ele estava lá eu não podia negar. Sempre ali, sempre me fazendo lembrar de sua existência. Por mais que eu pensasse em outras coisas ele estava lá, olhando para mim e me perguntando. "E agora, o que fazemos?" Não sei. Era a única resposta possível para aquele momento. Na minha mente passavam cenas das quais eu queria estar participando e não estava. Pessoas se divertindo, rindo e conversando. E eu ali, sentada olhando o nada, com o olhar distante e o pensamento mas ainda. 

Toda vez que eu pensava em outra coisa, e conseguia me manter, digamos alegre, mesmo que por segundos, ele me olhava e me lembrava o que estava acontecendo. Sinceramente, depois de muito pensar sobre o que fazer, reclamar por não ter outras companhias, imaginar que seria melhor estar fazendo qualquer outra coisa a estar aqui, resolvi dar um basta nisso tudo.

Abri a porta e pedi que ele se retirasse e que por favor não voltasse tão cedo. Só se fosse extremamente necessário. Em épocas de provas e preocupações. E o vi então ir embora, me despedi do companheiro daquela noite, dei adeus ao Tédio. E espero profundamente que ele não volte mais.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Onde estão os famosos direitos humanos ?

Palestina
RJ
Durante meses, vimos nos jornais e na televisão carros pegando fogo e locais públicos sendo bombardeados em países, que para nós, estão sempre em conflito, como os do Oriente Médio por exemplo. Pensávamos que fatos como aqueles eram absurdos e não acreditávamos que, realmente, as pessoas chegavam ao tal ponto de vandalismo e violência.

E agora? Acordamos, ligamos a televisão e vemos que em menos de 12 horas, 14 carros foram incendiados. Arrastões ocorrendo em vários pontos da cidade, tiroteios nos principais túneis e possíveis bombas em praças. Policiais sendo chamados porque nossa cidade está em alerta. E as pessoas falam que aqui não tem guerra. Nós temos sim! Pode não ser como nos outros países, ou em uma escala menor, ou com outro nome, ou até mesmo por outros motivos, como é o caso dos países como Iraque, Palestina e Israel, mas não deixa de ser um tipo de guerra. Onde de um lado estão os bandidos e do outro os policiais, sejam eles especializados e preparados como o Bope ou não. Mas afinal, quem está preparado para situações extremas e emergenciais como essas ?

E no meio disso tudo estamos nós, moradores do estado do Rio de Janeiro."O que está acontecendo com o Rio ?" é a pergunta que está sobrevoando a mente de todos. Como sair de casa ? Será que consigo chegar ao trabalho? Será que consigo voltar dele? Nosso estresse cotidiano foi multiplicado e acrescentado a ele, o medo. Andamos nas ruas atentos com tudo e com todos. Celulares conectados no twitter, no site da globo e de outros jornais, se aglomeram entre os pedestres. Escutamos a radio, paramos em bares para escutar o noticiário e ficamos ligados no que comentam perto de nós. Quanto mais queremos instalar a paz e a tranquilidade nas favelas do Rio, mais violência e problemas surgem. Paradoxal isso ? Mas o pior é que essa situação, é a pura verdade.

E nesse momento eu paro um pouco para pensar. Se antes os bandidos não podiam ser mortos por causa do politicamente correto e dos direitos humanos, e agora, onde estão os nossos direitos humanos ? Pagamos os impostos e nossas contas; respeitamos a lei; temos nossos documentos em ordem; cotamos nossas dividas; acordamos cedo, seja para estudar ou trabalhar; pegamos engarrafamento para voltar para a casa. Somos seres humanos, moradores e cidadãos desse estado. Onde estão os nossos direitos? Direito de circular livremente pela rua, de pegar um ônibus lotado para voltar para casa para descansar, sem a preocupação de o mesmo ser evacuado e explodido, paz para dirigir pela cidade sem ficar a todo momento pensando no pior, em possíveis tiroteios e arrastões, assaltos e bombas.

Cada dia que passa e que chegamos em casa em segurança, acredito que seja necessário agradecermos. Como os ex-alcoólatras, ou ex-viciados que contam cada dia sem álcool e sem drogas como uma vitória, deveríamos ver cada dia como uma oportunidade. Afinal, são nessas horas que damos a real importância as nossas vidas e das pessoas as quais amamos. Por isso, não esqueçam de agradecer e ao saírem de casa, fiquem atentos!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Mais um caso de insensatez...

Ridículo. Essa só pode ser a palavra para resumir o que acho dessa historia toda de proibir Monteiro Lobato nas escolas. Como assim ? Toda criança já leu Monteiro Lobato. Toda criança, mesmo que não tenha lido, já ouviu falar do Sitio do Picapau Amarelo. Queriamos subir em árvores, desvendar mistérios e aventuras com o  Pedrinho e a Narizinho, contar com uma amiga como a Emília e é claro, ter o carinho e a atenção da Dona Benta e da Tia Anastácia. E agora, aquelas pessoas que com certeza, não têm nada melhor para fazer, como se a educação do Brasil não precisasse de mudanças, resolveram proibir Monteiro Lobato?

Preconceito é a desculpa deles. Por favor! Vivemos em um país com a maior mistura de raças. Negros, índios e brancos formam a nossa gente. Qual o problema da Tia Anastácia ser negra? Criança nenhuma tem a malícia que os adultos têm. E se for assim, vamos acabar com todos os livros de escravidão, e de índios mortos, vamos tampar os olhos de nossas crianças para a realidade. Vamos deixar que elas pensem que todos nós nos amamos e somos um povo unido e feliz. E alias, se durante gerações e gerações, crianças cresceram com as histórias de Monteiro Lobato e não foram afetadas, na verdade foram. Afetadas de aventuras, de literatura e de cultura, nada mais, nem pior, que isso. As nossas crianças já não lêem o suficiente e ainda assim querem tirar os livros legais e divertidos das escolas.

Querido Ministro da Educação, seja sensato, e por favor, preocupe-se com coisas realmente importantes: crianças que chegam aos 18 anos sem ler e escrever direito, Enem sendo anulado e roubado e falta de vagas nas escolas. Pense um pouco se vale a pena fazer essa insensatez. Deixe um dos maiores escritores brasileiros, que depois de anos contribuindo para a nossa literatura, só deve estar querendo descansar em paz.

Já basta ler a Veja e descobrir nas listas dos livros mais vendidos a biografia de Justin Bieber. Nunca vi um pré adolescente que não fosse um menino super dotado ou então que tivesse passado por algo traumático mas que possa trazer algum ensinamento, escrevendo uma autobiografia. O que um pirralho de 16 ,ou sei lá quantos anos, tem para acrescentar a nós ? Nada ! 

Ótima ideia querido Ministro, vamos tirar Monteiro Lobato e colocar Justin Bieber. Um adolescente loirinho com cara de europeu educadinho e engomadinho que nada tem a acrescentar as nossas crianças e tirar a Tia Anastácia que mostra o real carinho e amor que alguém que trabalha na sua casa a anos pode ter por você, alguém que te quer bem e que cuida de você como um filho. Muito mais sensato!

Sinceramente, quando eu abro o jornal e leio coisas como essa, só me resta rir. Ia deixar esse assunto passar, mas depois de ler na Veja o mesmo assunto, não aguentei. Precisava escrever um pequeno desabafo com os rumos que a educação do Brasil está tomando. Espero profundamente que nosso ministro coloque a cabeça no travesseiro e pense um pouco sobre essa historia toda e resolva da melhor forma possível, ou seja, arrumando coisas para ocupar o tempo das pessoas que tiveram essa idéia genial ou então tampar os ouvidos a elas.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Diferentes formas de amar...

Durante esse feriado, parei durante 2 horas para ver um filme que eu estava para assistir a algumas semanas. "Tudo pode dar certo", o filme do cineasta Woody Allen, é realmente um filme sensacional ! (Trailer do filme "Tudo pode dar certo"). Depois de Vicky, Christina, Barcelona só poderíamos esperar uma temática cotidiana e natural, porém profunda. Como já diz o nome, o mesmo conta a historia de situações vividas por personagens diversos, que por mais que mudem, podem dar certo no final. Mas algo nesse filme me pareceu saltar do roteiro. Um tema muito abordado por cineastas, roteiristas e diretores famosos, mas que, apenas com a genialidade de Woody Allen, foi possível entende-lo melhor.


O tema? Diferentes formas de amar. 

O personagem principal, Boris, não acreditava no amor e era adepto a uma filosofia: como tudo sempre acaba, muitas vezes não era importante mudar, nem começar nada. Com um discurso direto, realista e sincero, o protagonista mostra o porquê, muitas vezes, nós não devemos confiar e nem mesmo gostar das pessoas, revelando assim, coisas que todos nós temos vontade de falar ou já pensamos nisso alguma vez.

Com o desenrolar do enredo Boris conhece Melodie, uma menina ingênua, imatura e burra porém sonhadora e cuidadosa. Assim os dois encontram, um no outro, uma forma de se entenderem e se completarem. Ele lhe ensinaria algumas coisas importantes, por mais que ela não entenda, e ela o ensinaria a viver melhor e ser um pouco mais paciente com os outros.

Mas Melodie confunde um amor meio amizade, meio cuidado, meio platônico; com um amor sincero, uma paixão. Ela amava a atenção que ele lhe dava por mais que parecesse que não, amava o fato dele precisar dela mas principalmente amava o fato de Boris ser um gênio, saber falar coisas difíceis e nomes que ela nunca saberia o significado. E é nesse momento que as coisas começam a mudar e a temática aparece ainda mais.

A chegada da mãe de Melodie, uma mulher que possuía uma vida americana tipicamente de filme, casada, com uma filha, e católica ao extremo, promete ser a prova viva de como as pessoas podem mudar, apresentando, é claro,  um "q" de evolução. Ao perceber que sua vida estava ruim, seu marido havia lhe traido e sua filha estava desaparecida, Marietta resolve buscar sua filha, porém a encontra casada com Boris. Como não tem onde morar e seu marido estava com sua melhor amiga, ela resolve ficar e ajudar a filha a se separar daquele homem. E é nesse ponto que Woody Allen, coloca algo especial. Na verdade ela será ajudada. Ao conhecer um amigo de Boris, descobre seu talento para a fotografia e ao conhecer um dono de uma galeria, expõe suas obras. Marietta descobre, além de sua alma de artista, a possibilidade de ser feliz novamente, não com um homem, mas com dois. E os três conseguem viver assim um novo, e diferente tipo de amor.

Mas o enredo não acaba por aí. Afinal, o pai de Melodie estava arrependido e queria sua filha e sua mulher de volta. Queria novamente aquela vida modelo. Ao chegar na casa da filha descobre que sua mulher agora era uma artista e estava feliz em um novo relacionamento. Mas o que realmente o deixa chocado é descobrir que fracassou em suas duas relações por não sentir desejo e atração, nem pela sua ex mulher, nem pela amiga dela. Vai então até um bar e, depois de algumas doses, resolve conversar com um homem que estava ali sozinho bebendo. E então novamente nós, o público, ficamos surpresos. A explicação? Ele não sentia atração por pessoas do sexo oposto. Ou seja, um outro tipo de amor.

E para finalizar Melodie descobre o que realmente sentia por Boris e conhece um outro cara pelo qual ela realmente se apaixona.

O final? Mesmo tendo vontade, eu não vou contar. Até porque o importante não é esse e sim o que Woody Allen quis passar: O amor sempre existe. Ele pode aparecer de formas diferentes, pode ser algo irracional, carnal e intenso, como pode ser algo platônico. Seja com pessoas diferentes ou  em momentos diferentes de nossas vidas. E, por mais loucas que possam parecer, essas formas de amar são e sempre serão, em sua essência, algo bom e com as quais todos deveríamos tentar viver.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Cavando solidariedade

Confesso que fiquei surpresa, por pior que pareça, que nessa sociedade egoísta em que vivemos, as pessoas pararam por alguns minutos, gastaram suas preciosas horas e realmente torceram pelo bem do outro.

5 de agosto, 33 mineiros soterrados a 700 metros de profundidade na mina de San José, no deserto de Atacama, no Chile, fizeram com que sentimentos como angustia, nervosismo, mas principalmente, solidariedade, renascessem dentro de cada um de nós.

Quando a noticia foi dada, uma tensão pairava sobre o assunto. Quando deram a primeira data de resgate, que seria somente em dezembro, ficamos indignados. Quando começaram a enviar comida e água, um pouco de alivio tomou conta de todos nós. Não era a melhor noticia, mas aos poucos, a situação estava melhorando. Porém a informação que trouxe esperança foi de que, após algo mais que 2 meses, uma cápsula estava pronta e iria ser o meio de resgate daqueles sobreviventes.

Durante todo esse tempo acompanhamos as notícias, os vídeos e as coberturas feitas ao local. Conhecemos as historias desses homens e em alguns momentos sentíamos o desespero daqueles que estavam soterrados, que precisavam manter a calma, a paciência, e daqueles que estavam na superfície, com uma importante missão, salvar a vida de 33 pessoas.

Começando ontem (12/10) às 20:00 e terminando somente hoje (13/10), o resgate dos sobreviventes foi acompanhado pelo mundo. Não era algo unicamente chileno. Independente da nacionalidade, pessoas de todas as partes torciam e vibravam com a saída de cada um deles.

Futuramente penso que serão produzidos filme e livros sobre isso, mas agora a única coisa na qual consigo pensar é na felicidade desses homens, de suas familias e de todos nós com o fim de tudo isso.

sábado, 9 de outubro de 2010

Filmes, cultura...

Sem paciência para ler os livros e textos necessários para a faculdade, resolvi revirar a pilha de livros que estavam na minha prateleira e encontrar algo bom e principalmente interessante para ler.

Encontrei então um livro chamado "O Clube do filme". Já tinha lido sobre ele na revista Veja fazia um tempo e achei muito interessante a historia contada através dele. Um pai resolve educar seu filho adolescente de uma maneira diferente e para muitos, estranha e insensata. Permite que o mesmo saia da escola, não trabalhe e que possa curtir a vida, mas com algumas condições: que fique longe das drogas e que visse pelo menos três filmes por semana que ele escolheria. Loucura? Sinceramente não sei.

Ao ler o livro comecei a refletir um pouco sobre tipos de educação, sobre a proposta tentadora de parar de estudar (até porque a quantidade de coisas para a faculdade me desanimam) e principalmente, sobre os filmes citados no livro. Alguns ainda não fazem parte da minha coletânea, mas sem dúvida deveriam fazer.

Acho que por mais monótonas que sejam as minhas aulas de cinema, algo deve ter sido incorporado, pois me sinto saturada de filme banais que estão presentes na programação das salas de cinema. Comédias sem graça, com piadas sem sentido;  mulheres que lutam loucamente e atiram em tudo e em todos; agentes secretos trabalhando disfarçados em alguma organização; adolescentes que cantam, dançam, interpretam e é claro que têm cara de galãs mirins ; musicais da Disney onde tudo parece forçado e industrializado e como não podiam faltar, as comédias românticas onde tudo fica péssimo no meio e maravilhoso no final, uma simples adaptação dos contos de fadas que  conhecemos quando eramos crianças, para as telas.

Onde estão os filmes cults? Não aqueles mudos, preto e branco, que falam sobre o expressionismo alemão ou o movimento soviético. Não sejamos tão radicais, porque esses nem depois de uma aula de cinema eu consigo entender e gostar. Mas aqueles que falam sobre relacionamentos sinceros; sobre dificuldades; sobre diferenças raciais e culturais; sobre grandes guerras e grandes vitórias; sobre artes; sobre ideologias e principalmente sobre assuntos que acrescentem algo a população. Não me sinto bem gastando dinheiro e saindo com a mesma carência de quando entrei. Carência de cultura, de informação, de algo que me faça rir, chorar, pensar na vida.

Como disse um amigo meu em uma apresentação sobre o cinema na faculdade:, ele precisa trazer algo mais para as pessoas, elas precisam sair se sentindo diferentes, como se algo dentro delas fosse modificado; citando Nelson Rodrigues, deve ser como um tapa, um choque para elas acordarem para a realidade.

E é exatamente isso que eu penso que deve ser feito, os cineastas, e principalmente os produtores, precisam sair do comercial, parar de produzir filmes como um produto em massa e começar a produzir o real papel do cinema, produzir arte.

Creio que esse livro foi como um tapa para mim, me fez pensar que esse tipo de educação foi possível porque os filmes escolhidos mostravam assuntos reais e interessantes: drogas; amor; sexo; violência; familia, música; erros e é claro, vitórias. Foi possível porque os filmes não eram comerciais e sim culturais.

sábado, 2 de outubro de 2010

O agora !

Tempo. Palavra usada com frequência no nosso dia a dia, mas nunca paramos para, realmente, refletir sobre ela. E eu sei o que estou falando por experiência própria. Para que perder meu tempo pensando sobre coisas assim?

Porém, esse assunto surgiu enquanto estudava teoria da comunicação para uma prova na quarta. E descobri o motivo pelo qual não pensamos nesse assunto: porque não temos tempo para pensar sobre o tempo. Paradoxo ?! Não sei, mas resolvi parar um pouco e escrever sobre isso.

Vivemos em uma constante soma de tarefas e horas. Faculdade, cursos, saídas no final de semana, trabalhos e claro, algumas horas para relaxarmos um pouco estão presentes nessa conta. Mas mesmo quando era para estarmos relaxando, não estamos. Sempre correndo, por mais que não pareça, nossa cabeça está sempre pensando no que tínhamos para fazer e no que temos que fazer.

Frases como "nossa! como o tempo passa rápido!" ou então "O mês já acabou ?" são comuns no meu vocabulário e devem ser comuns no de muita gente. Mas porque o tempo parece que ultimamente está voando? Os dias não estão mais curtos, o ano continua tendo 365 dias, um dia continua tendo 24 horas e uma hora 60 minutos. Penso que o que mudou foi a nossa maneira de viver a vida.

Na segunda, queremos que chegue logo o final de semana; na sexta e no sábado queremos que chegue logo a noite. No começo do ano queremos as férias do meio do ano e no meio do ano queremos as férias do final do ano. Quando temos 14 queríamos ter 15; quando temos 16 queríamos ter 18. Esse pensamento constante no futuro faz com que esqueçamos uma unica palavra, que muitas vezes passa despercebida, Hoje!

Acho que resumo a idéia desse texto em uma simples e pequena palavra do latim, presente em um texto de um poeta romano, "Carpe Diem". Traduzida como aproveite o dia, o agora, ou então não gaste tempo com coisas inúteis. E é exatamente nesse ponto que quero chegar. Porque correr ? As coisas continuam no mesmo lugar, as pessoas, normalmente, do mesmo jeito e o tempo continua passando independente a nós. Então porque devemos ser dependentes dele? Claro que não podemos largar tudo e viver alienados do mundo, até porque vivemos em uma sociedade que vive em função do que terá e do que será em alguns anos. Mas podemos uma vez ou outra nos desligarmos um pouco dessa pressa toda.


Viver o hoje, o presente, o atual... 
Parar de pensar no ontem, no passado, no antigo....
E esquecer por algum tempo o amanhã, o futuro, o novo.
Precisamos parar de somar coisas e começar a subtrair. Menos tarefas, menos preocupações, menos problemas, menos muitas coisas. Fazer tudo no seu determinado tempo, escolher e priorizar o que realmente importa e pensar que, se tenho tempo para resolver tudo que preciso, também posso ter um tempo para mim. Para fazer o que eu gosto, seja sair com alguns amigos; com o namorado ou namorada; jogar o famoso futebol de domingo ou então somente assistir o meu time fazendo bonito, ou feio; me arrumar um pouco; ir naquela festa; ver um filme, mesmo sendo aquele que já vi 500 vezes; ler aquele livro que está na mesa e que ficou esquecido porque era necessário ler outros antes; ter um dia de compras; ir ao salão ou simplesmente não fazer nada! O que for!

Precisamos aproveitar o momento em si, não o antes, nem o depois, o agora...