quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Bendita tecnologia!

Eram seis da manhã! O dia ainda não tinha se dado ao trabalho de acordar e lá estava eu, pronta, atrás de um táxi. Sim aquele carro amarelo, com placa luminosa de livre. Só queria um. Não vários, mas um! Nenhuma cooperativa tinha táxi livre. Os minutos passavam e o desespero ia batendo. Já estava mais do que atrasada, mais do que na hora de sair de casa, mais do que na hora de me desesperar.

Es que me surge uma luz, em forma de aplicativo, com um nome que me prometia milagres: Easy Taxi! (Não estou fazendo propaganda, nem ganhei um real para isso, apenas quero ajudar os meus leitores a viverem momento de tranquilidade como o meu!). Abri o aplicativo e apertei o enorme botão verde que me prometia  algo como os números da mega-sena. Nesse momento, você deve estar pensando: "que exagero!". Não! em uma metrópole caótica como o Rio de Janeiro, achar um transporte descente, mesmo que pago, é quase um troféu.


Depois de apertar o botão fiquei esperando. Em nada mais nada menos que 5 minutos, um táxi estava me aguardando. Sim, a tecnologia pode ter vários defeitos: nos torna dependentes, conversamos menos ao vivo, não paramos de olhar aquela tela acessa e, às vezes, somos mal educados porque estamos absorvidos em informações dos celulares. Mas a "bendita tecnologia", expressão dos vovôs que não entendem as novidades tecnológicas, tem lá as suas inúmeras vantagens!



segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Não me leve a mal, hoje é Carnaval!

Bem-vindos a melhor época do ano!! Os dias são movidos a alegria, felicidade e samba! Ele que levanta todos, da criança a vovó, sem distinção de classe social. Chegou o carnaval!!

Nessa época cada um faz o que quer sem ter que se preocupar se esta sendo julgado. É como se a linha do julgamento se apagasse, são os dias onde quase tudo é permitido. Os dias onde ricos e pobres dançam juntos e interagem sem preconceito. É tempo de conhecer pessoas novas, de não pensar em nada. 

É hora de pegar aquela fantasia do armário, dar uma sacudida, escolher os blocos e cair na folia! 



quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Resenha: Budapeste

Um livro no mínimo curioso e bem angustiante. Assim eu resumo um dos premiados livro de Chico Buarque, escrito em 2003. Sei que tem mais de 10 anos que ele foi lançado, mas nunca tinha me aventurado pelas escritas de Chico, a não ser pelas músicas. Achei esse grande presente da literatura em um sebo no centro e resolvi, entre uma viagem de metrô e outra, me aventurar nas páginas mais poéticas do que literárias, se isso é possível. Vencedor do prêmio Jabuti em 2004, o livro mostra, a cada frase bem escrita o desenho de uma história de dúvidas.

"A história de um escritor dividido entre duas cidades, duas mulheres, dois livros, duas línguas." (José Miguel Wisnik)


(Obs para o design do livro. Na parte da frente Budapeste é escrito em português e o autor Chico Buarque, já na parte de trás Budapest e o autor? Zsoze Kósta- achei um máximo!)

Um escritor, acostumado a ser ghost-writer, ou seja, escrever cartas, artigos e livros para terceiro sem assinar o seu nome é obrigado, na volta de um congresso de autores anônimos, a fazer uma escala imprevista na cidade título do romance. Seu nome? José Costa. Mais comum impossível. Sócio de uma empresa renomada e casado com uma apresentadora de telejornal, Vanda, Costa parece ter uma vida feliz. Até que aos poucos, descobrimos o quão confuso ele é. Como um personagem com dupla personalidade, Costa fica dividido entre voltar ao Brasil e continuar casada com uma mulher que ama, ou ficar em Budapeste ter um relacionamento com  Kriska.

Costa conhece Kriska na Hungria, que o apelida de Zsoze Kósta e com quem aprende húngaro - segundo o narrador, "a única língua do mundo que, segundo as más línguas, o diabo respeita". Uma língua difícil que exerce um fascínio sobre ele. Apaixonado pelas palavras e por novas possibilidades o livro mostra a maneira confusa e atrapalhada com que Costa vive sua vida.

O mais bonito do livro não é a história, mas sim a maneira inusitada e única como é contada. Chico consegue transpor para uma temática normal, como um romance e confusões amorosas, uma maneira poética, singela e humilde de escrever. Um livro para se deliciar a cada etapa. Não para ler como best-sellers e sim como aquele livro delicado de cabeceira. 

Vale muito muito a leitura!!

Nota final: ***** (5 estrelas)


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Até quando?!

Todos os jornais, blogs e colunas de cultura deram o tão aguardado beijo gay no horário nobre da Rede Globo. Mateus Solano divertia a todos com suas tiradas geniais e seu jeito espalhafatoso de ser. Aumentou a audiência da novela e fez com que os homossexuais fossem mais aceitos... ou não! 

Ontem , no meu feed de notícias do Facebook uma menina compartilhava um relato de como foi espancada na rua por estar andando com sua namorada. Hoje, na página do Globo a novidade é uma nova página nas redes sociais que lista locais como bares, ruas e estabelecimentos na Lapa homofóbicos e/ou que não são mais seguros, pois têm casos de estupro e violência. What?!

"A ideia inicial era desenvolver um aplicativo para as pessoas indicarem estabelecimentos onde se sentem inseguras na Lapa, mas os recentes casos de estupro no bairro anteciparam os planos do grupo, que optou pela página na rede social como meio de divulgação das denúncias." (Via Site Jornal O Globo)

Na TV é tudo legal, tudo lindo e liberado. Mas na mesa do seu lado no bar não né? Um casal homossexual se beijando pode até causar estranhamento, algo que já não era pra existir em pleno século XXI, mas vamos tentar entender, afinal o texto é sobre isso não é? Pedir um pouco mais de entendimento e compreensão! Mas dai algumas pessoas intolerantes, ignorantes e estúpidas se acharem no direito de dizer o que pode ou não. Partirem pra violência e desrespeitarem a liberdade do outro, isso já é crime! E então, só me resta a pergunta: até quando a pauta do dia será a falta de compaixão?!

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

E você ainda me pergunta o porquê do meu nojo ?

Pouco acompanhei dos acontecimentos vergonhosos que o nossa população vivenciou essas últimas semanas. Mas hoje ao me deparar com o texto do jornalista e coordenador do site Catraca Livre, Gilberto Dimenstein, no Brasil Post, tive vontade de escrever o mesmo. Alguns vão pensar, de novo esse mesmo assunto! Outros talvez: "não adianta mais, o que foi feito já passou!". E para esses descrentes do mundo eu lhes digo: não é de gente como você que o país precisa. Precisamos de gente de bem, pelo amor de Deus. Gente honesta, que tem caráter e acima de tudo compaixão. 

Vendo a notícia do  rapaz espancado e acorrentado no Rio, acusado de cometer crimes, apenas pensei: "O que faz de você um justiceiro? Quem te nomeou assim?". Esses meninos devem ter lido muito gibi do Batman quando novos. É a única explicação. Ou melhor, é uma das. O pouco que vi nos telejornais e programas televisivos sobre o menino preso a um poste como um cachorro, me deixou com ânsia de vômito. Um dos tais justiceiros respondeu à pergunta da repórter sobre como seus pais agiriam se soubessem com um simples aceno de cabeça e um "eles acham certo, falaram que bandido tem que ser tratado assim".  Então além dos gibis, vemos a causa dessa sociedade podre. Como pais ensinam a seus filhos que o certo é tratar violência com violência? Onde estão os tais dizeres, que estamparam a camiseta dos hippies, músicas de John Lennon e atualmente deveriam sair da boca da nossa juventude engajada: "make love, not war", "peace and love", ou "gentileza gera gentileza".

E ai os descrentes me dizem: "É porque você nunca passou por isso?", ou então "mas o que fazer se a polícia não resolve". Eu já fui assaltada sim! Já me levaram pertences pessoais e tenho medo de andar na rua à noite, ou em determinados lugares desacompanhadas. Às vezes tenho medo da minha própria sombra, mas daí eu prender um homem espancado, nú a um poste? Por acaso voltamos a época da escravidão onde os homens e mulheres que desrespeitavam "as leis" eram açoitados em praça pública.

Homenagem ao cinegrafista Santiago Andrade, de Celso Mathias
E não satisfeitos em me deixar mal no domingo a noite, os jornais me deram a triste notícia que o cinegrafista da Band Santiago Andrade havia morrido. Um homem integro, colega de profissão, que estava ali no meio do protesto para entregar a você que está no conforto e segurança da sua casa as melhores imagens do acontecimento. Um cinegrafista experiente, que ganhou dois prêmios por mostrar as dificuldades que nós brasileiros passávamos todos os dias nos transportes públicos. Desde 2013, ele registrou para a TV Bandeirantes diversas manifestações na cidade e estava escalado para participar da cobertura jornalística da Copa do Mundo este ano. Um repórter que perdeu a vida, por imprudência, descaso e o pior, por falta de respeito de um único homem. Não chamo os manifestantes de vândalos, black-blocks ou irresponsáveis, porque como toda a população, eles só querem mudanças, melhorias e voz, coisas que nunca possuíram nessa nossa tal "democracia".  Apenas lamento que, como a nossa polícia mesmo nos ensina, os protestos e manifestações precisam de violência, rojões, bombas de gás e balas de borracha. De tanto ódio reprimido, alguém ia acabar sofrendo as consequências.  

Sem um pingo de compaixão com o próximo, a nossa sociedade vai crescendo, se expandido e infelizmente, apodrecendo os poucos otimistas, solidários e íntegros que restam....

Infelizmente, não consigo terminar esse texto com um pensamento muito otimista, mas deixo que John Lennon, aquele mesmo que falou "make love, not war", diga as palavras lindas de uma das músicas mais profundas que já ouvi. Que aqueles como eu, que mesmo com esse nojo dos fatos ocorridos, possam acordar no dia seguinte com o mesmo coração e mente do dia anterior. Que nós possamos imaginar um mundo  em que todas as pessoas vivam em paz, com elas mesmas e com os outros.


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Não tão lindo!

“Cidade maravilhosa / Cheia de encantos mil / Cidade maravilhosa / Coração do meu Brasil”.Que o Rio de Janeiro é lindo ninguém mais precisa afirmar. Músicas e mais músicas já provam o encanto de quem moro ou passou por aqui. Eu mesma, não me canso de dizer o quanto o Rio é bonito. Cada detalhe faz com que eu me apaixone mais.
Mas viver no Rio exige certa malandragem que nem todos têm. E não digo isso com orgulho, mas com extrema tristeza. Habitar a cidade maravilhosa significa estar ligado a tudo o que acontece ao seu redor 24h por dia. É não deixar a bolsa aberta, ver quem está passando do seu lado, não sair muito tarde sozinho por ai, não deixar nada de muito valor a mostra, saber quais são os melhores caminhos para fazer... Semana passada depois de sair do trabalho me deparo com uma manifestação e de repente três pivetes assaltam um homem, que sai correndo desenfreado atrás deles. O povo em volta começa a gritar “pega ele, pega ele” e todos que estavam na rua se solidarizam com o sujeito assaltado e cercam o pivete que, sem saída, devolve o celular roubado e por muito pouco não é espancado. Uma cena que contrasta com a beleza celestial carioca, mas que nós moradores, temos que lidar.

As cenas de assalto aumentam cada vez mais e acabamos ficando de mãos atadas. De tanto conviver com essas situações, o carioca chega aos outros estados do Brasil já meio safo, achando que mais perigoso que o lugar onde mora, não existe. “Fala sério cara, eu moro no Rio!”.

O Rio de Janeiro não continua tão lindo.


Texto de Juliana Granato


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Resenha: As esganadas

O blog EscritAleatória adverte: é preciso estômago para encarar esse livro.

Com um humor, no mínimo negro, Jô Soares conta a história de um assassino pouco convencional. Sua tara? Matar mulheres gordas. De que maneira? Esganadas com seu próprio pecado, a gula. A trama do livro é bem interessante e bem estudada. A maneira como o serial killer é descrito, suas características físicas e mentais apimentam o livro. Mas o ponto alto, é claro, são os outros personagens. Um delegado carioca ranzinza que não aceita ser mandado; um ajudante de coração enorme mas medroso; um português inteligente, gordinho e sagaz; uma mulher bonita e destemida. A história se desenrola de maneira ágil e divertida. Mas... como nem tudo são flores. Jô peca em alguns detalhes.

Muito bem escrito como é de se esperar de Jô Soares o livro passeia por ruas, modelos e nomes de pessoas que viveram no Brasil na década de 30. Até ai, tudo em ordem! Porém, ele se perde muitas vezes. Como uma criança que quer mostrar que aprendeu a matéria corretamente, Jô Soares perde páginas e páginas explicando partidas de futebol, momentos marcantes da década de 30 e histórias, mesmo que boas, deixam  a desejar. Fora que a descrição das esganadas é pra lá de desnecessária. Os crimes ocorrem, ele começa a narrar como as esganadas foram encontradas e ai começa. Você se sente vendo um filme daqueles de perícia policial. As descrições são over!

De resto, uma boa história. Contada com um humor negro e bem escrito.

Vale a leitura, se você tiver estômago para aguentar as mortes, é claro!

Nota final: *** (3 estrelas)

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

"Perfeição é coisa de menininha tocadora de piano."

Como diria o jornalista, cronista e principalmente; verdadeiro, escrachado e não pudico; Nelson Rodrigues, "A liberdade é mais importante do que o pão". Nós tentamos. Juro que tentamos! Queremos sair na rua de batom vermelho e usar a saia do tamanho que acharmos convenientes. Queremos sentar na mesa de um bar, com outras mulheres e falar sobre sexo, sem perceber os olhares masculinos ao redor. Por que esse tabu?!

O preconceito velado, o machismo explícito e o julgamento precipitado me cansam. Cansam porque todos gostam de um "50 Tons de Cinza", de um filme a lá "Ninfomaníaca" e de um homem com pegada, ou uma mulher sensual. Mas deixar isso claro, ai não!

O prazer tem que estar escondido embaixo de saias comportadas, posturas femininas e risos discretos. Palavras "vulgares" não podem passar pelos lábios pintados de vermelho. "O que vão pensar de você?", essa é a frase que mais ouvimos, quando pensamos em nos libertar. Seu pai se preocupa com a sua imagem perante os outros, o namorado com sua postura e o que vão falar de você, e as outras meninas do quanto você pode chamar atenção. Ou será que eles, todos eles, apenas pensam em si.

"Deixa a menina dançar", já dizia a minha mãe quando eu era criança e queria mostrar pra todos a minha fantasia nova de bailarina. "Qual o problema da roupa? Elas são novas!", dizia a minha avó quando via as roupas curtas e sensuais das meninas saindo para a noite, bem diferentes das roupas de sua época.

Por que em pleno século XXI ser sexóloga ainda é motivo de piadas? Por que uma mulher não pode entender e falar de sexo normalmente? Por que o homem acha normal falar sobre a última transa e você mulher, em uma roda de amigas, não pode falar sobre vibradores sem ser julgada, ou pior, considerada fácil? E ai eu respondo: sexo só é tabu porque nós o fizemos assim. Porque nós mulheres, não nos soltamos, não prezamos por nossa liberdade e deixamos a opinião alheia nos afetar.

Não Nelson Rodrigues, em algumas coisas você foi maravilhoso, em outras... nem tanto. "A mulher ideal deve ser dama na mesa e puta na cama.", discordo! A mulher ideal é aquela livre pra ser o que lhe der vontade, ou como diria vovó, o que lhe der na telha. A mulher ideal é aquela que é feliz com seu próprio corpo e satisfeita na cama a ponto de falar sobre sexo sem meias verdades, sinônimos ou pudor. Deixe o pudor para os jantares em família, o aniversário da tia-avó da sua mãe ou no dia que for conhecer a sogra. Depois disso, se solte! Ser livre, moderna e destemida, faz você ainda melhor. E os outros? Ahh... eles que resolvam suas neuras na sexóloga.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Engravatados

Quando menos se espera, estamos lá, todos nós, feito nós, presos uns aos outros e a elas. As gargantas presas pelas gravatas sufocam o ser até a alma. São números, contratos, operações, financiamentos, projetos, ações, superavit, selic!!

Esse é o mundo onde a falsa simpatia rola solta. O mundo do quem tem mais é melhor, mais forte, com referências. Onde a ambição cria um ambiente selvagem daquele que o mais forte sobrevive. E quanto mais se adentra neste universo, mais difícil sair dele.

Quando pequenos, ninguém nos ensina sobre falsidade e mentira, mas nesse mundo das gravatas, isso é tudo, senão nada! A vida é de quem sabe fazer a politicagem: no samba, no escritório, nos estudos.



Texto de Juliana Granato