quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Resenha: Budapeste

Um livro no mínimo curioso e bem angustiante. Assim eu resumo um dos premiados livro de Chico Buarque, escrito em 2003. Sei que tem mais de 10 anos que ele foi lançado, mas nunca tinha me aventurado pelas escritas de Chico, a não ser pelas músicas. Achei esse grande presente da literatura em um sebo no centro e resolvi, entre uma viagem de metrô e outra, me aventurar nas páginas mais poéticas do que literárias, se isso é possível. Vencedor do prêmio Jabuti em 2004, o livro mostra, a cada frase bem escrita o desenho de uma história de dúvidas.

"A história de um escritor dividido entre duas cidades, duas mulheres, dois livros, duas línguas." (José Miguel Wisnik)


(Obs para o design do livro. Na parte da frente Budapeste é escrito em português e o autor Chico Buarque, já na parte de trás Budapest e o autor? Zsoze Kósta- achei um máximo!)

Um escritor, acostumado a ser ghost-writer, ou seja, escrever cartas, artigos e livros para terceiro sem assinar o seu nome é obrigado, na volta de um congresso de autores anônimos, a fazer uma escala imprevista na cidade título do romance. Seu nome? José Costa. Mais comum impossível. Sócio de uma empresa renomada e casado com uma apresentadora de telejornal, Vanda, Costa parece ter uma vida feliz. Até que aos poucos, descobrimos o quão confuso ele é. Como um personagem com dupla personalidade, Costa fica dividido entre voltar ao Brasil e continuar casada com uma mulher que ama, ou ficar em Budapeste ter um relacionamento com  Kriska.

Costa conhece Kriska na Hungria, que o apelida de Zsoze Kósta e com quem aprende húngaro - segundo o narrador, "a única língua do mundo que, segundo as más línguas, o diabo respeita". Uma língua difícil que exerce um fascínio sobre ele. Apaixonado pelas palavras e por novas possibilidades o livro mostra a maneira confusa e atrapalhada com que Costa vive sua vida.

O mais bonito do livro não é a história, mas sim a maneira inusitada e única como é contada. Chico consegue transpor para uma temática normal, como um romance e confusões amorosas, uma maneira poética, singela e humilde de escrever. Um livro para se deliciar a cada etapa. Não para ler como best-sellers e sim como aquele livro delicado de cabeceira. 

Vale muito muito a leitura!!

Nota final: ***** (5 estrelas)


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