segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Apenas um vidro...



Uma mísera vitrine separava aqueles dois. Ele de um lado insistindo para que sua mãe desse dois únicos passos e adentrasse aquele lugar e ela ali balançando os pés como se nada estivesse acontecendo. A luz deixava seu cabelo ainda mais bonito, e que olhos! Isso provavelmente era o que ele estava pensando naquele instante. Que o ar estava diferente, ah isso estava! As pessoas que andavam apressadas no shopping, lotadas de presentes de natal podiam não sentir, mas para os dois, o momento era diferente. Ela estava ali, a menos de dois metros, suas bochechas começaram aos poucos a mostrar uma leve cor, ela não olhava, mas parecia sentir que mesmo separados algo os unia. O que é um simples vidro quando precisamos ou queremos algo que está do outro lado? Muitas vezes temos algo nos separando dos nossos sonhos, esperanças e desejos. Mas será que esse algo é realmente grande o suficiente para impedir alguém. Ou é apenas um vidro?! Aquela fina camada transparente no qual você pode visualizar o que você quer, mas ao mesmo tempo está ali te impedindo. Será que um simples pedaço fino e translúcido era o suficiente para criar tanto suspense? Ou seu coração batia daquela maneira pela simples situação. É só mais um cliente, pensava ela enquanto ele entrava na loja. Depois de alguns minutos, quando ele finalmente tomou coragem , mesmo sentindo um frio na barriga, se aproximou do balcão e  perguntou seu nome. Ela disse em um som quase inaudível e com um leve sorriso de canto de boca as letras que juntas formariam para ele a palavra mais bonita do dia. O problema é dar o primeiro passo, ou melhor, o problema é recuar quando necessário. Desgastar a vontade lutando contra algo que já está perdido só fortalece o problema. Um grande exército é aquele que recua no momento certo mas se atreve em outros. Às vezes pensamos que para conseguir algo temos que dar até a última gota de sangue e de suor quando muitas vezes ao darmos um passo pra trás, ao invés de dois pra frente, temos uma visão mais clara do todo. Não estou falando em desistir por qualquer obstáculo, mas saber a hora certa de olhar pela vitrine e de avançar no desconhecido, se arriscar, chegar mais perto e perguntar, mesmo que de uma maneira tímida, o nome daquele sonho futuro.