
A mão daquele homem deslizou suave sobre barriga da sua mulher que riu ainda mais. O barulho do trilho avisava que era hora de partir. Ele olhou com aqueles olhos de quem não quer algo mas deve fazer e deu um último sorriso. Ela aproximou o rosto da grade e eles se beijaram. Ele já estava indo embora e ela também, quando algo a impediu. Ela voltou e gritou, meio tímida meio corajosa: "Eu te amo!".
E eu? Fiquei ali em meio a tudo aquilo olhando. Assim que passei da catraca vi que ele subia as escada correndo. Não aguentei de curiosidade e fiquei ali admirando aquela cena fascinada, como se estivesse em um filme da década de 40/50, onde as mocinhas iam até a estação de trem para se despedir dos namorados, noivos e maridos que iam para a guerra. Uma coisa lúdica, romântica e singela. Ele olhou para ela e disse: "Eu também!". Eles riram como dois adolescentes que se declaravam pela primeira vez. E então seguiram seus caminhos.
Não sei quem são nem muito menos se iriam se separar por horas, dias ou meses. Só sei que durante pouco mais de 5 minutos, as reclamações, preocupações e problemas viraram apenas lembranças e aquele sentimento puro tomou conta do lugar. Na minha mente, chamo eles de "O Romance do Metrô", até porque, em muitos anos de idas e vindas pelo subterrâneo, nunca me deparei com algo puro e romântico assim. Se você quer saber, fui para casa mais feliz, como se eu tivesse restaurado a fé no amor entre as pessoas, no carinho e no respeito.
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