segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Gente como a gente

Depois de visitar uma favela no Rio de Janeiro pude perceber que as barreiras criadas por nós mesmos, são maiores do que imaginamos. Temos medo e preconceitos de entrar em favelas, quando na verdade elas são lugares como outro qualquer. Não tão como outro qualquer.

Mesmo em 2013, ainda falta assistência nestes lugares. A luz acaba, a água acaba, o lixo não é recolhido da forma que deveria e as pessoas passam por dificuldades. E apesar de todos os problemas, as elas são felizes. Felizes com as coisas simples da vida. Felizes em tomar um chop com os amigos, ouvindo um samba. Felizes vendo seus filhos crescerem. Felizes ajudando os outros, mesmo que seja por pouco.

Digo isso porque conheci o responsável pela rádio comunitária de determinada favela. Homem simples, trabalhador, sem muita escolaridade e grande vontade de colocar a rádio no ar. Sem nenhum tipo de ajuda financeira, ele mantém, há seis anos, a Rádio, no dial para que todos os moradores possam se divertir, se informar e debater assuntos. 

A vontade de aprender do sujeito, ultrapassa as barreiras que a vida lhe impôs. Ele mesmo montou o transmissor da rádio, que ele mesmo conserta. Quando qualquer objeto da rádio quebra, - computador, aparelhos- ele aprende como consertá-lo e o faz. Seu orçamento no banco já está no vermelho há muitos anos por conta das despesas com a Rádio. E quando questionado o motivo pelo qual mantém a rádio, ele responde “paixão”. A felicidade e a satisfação estão claramente estampadas no rosto do sujeito que me recebeu bem e que contou a história de vida e da rádio com muito prazer.

Ele não está no cargo mais alto de uma empresa, dentro de um terno engomado, mas seu prazer extrapola a ‘felicidade’ de muitos CEOs do mundo todo. O que o move é a satisfação de ver que as pessoas gostam do seu trabalho e que ele pode, de alguma forma, ajudá-las.

Texto de Juliana Granato

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