quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Tons de vida

A vida dela parecia leve para os outros, mas só ela sabia o quanto o peso das escolhas se acomodavam sobre suas costas. As responsabilidades subiam por suas veias e nutriam ainda mais as preocupações iminentes. Ela tentava ao máximo deixar que tudo aquilo, como um passe de mágica, fosse embora sem deixar vestígios, mas era difícil. 

Toda manhã, saía do calor dos seus lençóis e pisava no chão frio do quarto. Sentia que a paciência não queria levantar junto, ficava ali deitada olhando para ela como se a chamasse para voltar. Respirava fundo e, ao escovar os dentes, abria os olhos devagar e via no espelho uma imagem diferente. Não era mais aquela menina de 5 anos atrás. Ainda tinha rosto de meninas, isso ela sabia, mas sua mente estava a anos luz de se preocupar apenas com provas de matemática e meninos bonitos nas festas das amigas.

Tinha ganho, com todos aqueles poucos anos, algumas marcas de maturidade. Não eram rugas e pés de galinha, mas sim, marcas no modo de falar, se vestir e, principalmente, no modo de agir. Ficava dividida entre a vontade de largar tudo e viver livre ou continuar a crescer e amadurecer. Ela percebeu que a vida estava ali para ser vivida, mesmo com preocupações, questões e decepções. Mesmo com alegrias, folias e sabedorias.

Depois de perceber que a falta de paciência, o cansaço e a rotina faziam parte do verbo viver, de pouco em pouco, a vida foi ganhando mais cor; tons de sol, de chuva, de vento, de pecados e de amor.

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