quarta-feira, 2 de abril de 2014

Palavra única

Saudade. Se me perguntassem do que eu mais senti falta quando viajei mês passado, posso dizer que foi, além da minha família, da minha língua! Senti saudade da sonoridade das palavras. Senti saudade de dizer oi, tudo bem? Como foi seu dia? Dia, bem, ser, cachorro, ônibus, vida e saudade.... 

Lendo o livro de Chico Buarque "Budapeste", há alguns meses, lembro de ter sentido um sorriso de canto de boca quando ele escreveu que após muito falar húngaro voltara pro Brasil querendo falar português. Chico narrou como seu personagem deixara um recado na secretaria eletrônica apenas com palavras soltas em português, pois precisava daquilo. Carinho, amor, paz, saudade....

Quando passei vários dias falando apenas inglês, voltei pro meu país com saudade dessa língua que, como nós brasileiros, é complexa, difícil, linda e cheia de problemas; acentos demais, sinônimos demais, vírgulas demais, mas definitivamente, sentimento demais. É só olhar para a singela saudade, palavra que só existe aqui! Não tem I miss you que se compare. Saudade não se explica em palavras! Se sente, se vive e se pensa. Pássaro, estrela, céu, lua, saudade....

Língua dos grandes poetas; de Vinicius de Moraes, Machado de Assis... Dialeto esse que Drummond conseguiu poetizar. Uma bendita pedra que estava ali atrapalhando seu caminho virou poesia. Voltei como os poetas: nostálgicos e saudosos. Tive saudade de dizer palavras tolas, mas que sempre significam algo a mais. Casa, família, sentimento, saudade....



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