quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Exemplo e sorrisos

Dia dos pais não me parece uma data muito importante, até porque meu pai é meu pai todos os dias. Eu posso parecer meio grossa ou seca ao dizer isso, mas não acho o dia dos pais tão necessário. Afinal, a comemoração passa e os nossos dias continuam iguais.

Acho que devemos dar valor a todos os dias e a todos os momentos possíveis ao lado daquela pessoa que tanto nos ama. Não são palavras como feliz dia dos pais, que vão fazer ele se sentir um pai melhor, e muito menos você vai se sentir um filho melhor. São gestos.

Meu pai nunca foi um paizão daqueles que aparecem nos filmes. Até porque eu, particularmente, acho isso quase impossível. Meu pai não sentava no chão pra brincar, nem me levava pra a pracinha, nem para o calçadão da praia. Não preparava minhas papinhas e nem ficava ao meu lado me convencendo a comê-las. Meu pai não me levava nas festas e ficava sentado me vendo brincar com os meus amiguinhos. Não ajudava na arrumação das minhas festinhas de aniversário. Meu pai não queria fotografar e filmar cada etapa da minha vida, nem cada passo que eu dava em direção a liberdade.

Nessa hora você deve estar pensando: "Meu Deus, que horror! Ela deve ser traumatizada ou algo assim!" E minha resposta é não! Não sou traumatizada nem nada do gênero! Pelo contrário, eu cresci e aprendi algo muito importante, cada um tem seu tempo. E meu pai tem o dele.

Ele pode ter sido diferente dos outros pais, mas para mim, o momento paizão chegou no tempo certo. Eu não lembro muito bem de nada que me aconteceu antes dos 6 anos, nem mesmo fatos que deveriam ser marcantes. Mas lembro de tudo que aconteceu depois dessa data e que acontece até hoje.

Lembro das competições em que ele participava e eu assistía orgulhosa da arquibancada. Das brincadeiras que fazíamos cada vez que ele ganhava um troféu. De algumas tardes em que jogavamos futebol no play e, é claro, da minha primeira ida ao maracanã em um jogo do Flamengo. Lembro dele me ensinando a comer japonês, pedindo o que ele achava que eu ia gostar. Me explicando como usar aqueles palitinhos e me convencendo a usá-los sem o elástico. Lembro dele me ensinando desenho geométrico e me socorrendo no meu trabalho do ensino médio de perspectiva. Lembro dele de terno e gravata na minha festa de 15 anos dançando comigo. E dele de roupa de ginastica me incentivando a fazer algum exercício. Lembro dele comprando um banquinho especial para crianças para colocar na sua primeira moto porque queria que eu o acompanhasse em segurança. Lembro dele, atualmente, me acordando cedo para me dar carona de moto para o trabalho. Lembro das nossas viagens em que procurávamos no mapa os lugares, as linhas de metrô e tudo o que precisávamos e, principalmente, lembro que sempre nos divertíamos com isso.


Na verdade ainda nos divertimos, afinal o maior e mais valioso ensinamento que o meu pai me passou, não foi como ser um pai exemplo, e sim, como ser uma pessoa exemplo. Sempre sorridente, brincalhão e muito batalhador, ele não se deixa abater por pouco e é isso que eu vou levar para a minha vida. Ele me ensinou a superar o problema, mas sempre que possível com um sorriso, seja ele antes, durante ou depois.

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